Após derrubar governo, militares amotinados em Mali prendem ministros
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Harouna Traore/AP
Civis caminham entre pneus em chamas que simbolizam apoio aos soldados amotinados, em Bamaco
Depois de tomar a sede da rádio e da televisão estatais na capital, Bamaco, suspender a Constituição e decretar toque de recolher, os militares malinenses amotinados prenderam, nesta quinta-feira (22), pelo menos três ministros, segundo informações da Agência Efe. Enquanto isso, o paradeiro do presidente do país, Amadou Toumani Touré, permanece desconhecido.
Uma fonte próxima aos líderes do golpe confirmaram que dois dos três ministros que foram presos são o dos Negócios Estrangeiros, Boubeye Soumeylou Maiga, e o da Administração do Território, Kafougouna Kone.
Ambos estão no acampamento de Kati, a 15 km de Bamako, onde teve início na última quarta-feira (21) um motim que se transformou em um golpe de Estado.
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Presidente do Mali, Amadou Toumani Touré, segue desaparecido
O porta-voz dos militares, Amadou Konaré, afirmou, em comunicado na TV estatal, que foi constituído um Comitê Nacional pela Recuperação da Democracia e a Restauração do Estado, presidido pelo capitão Amadou Haya Sanogo.
Konaré denunciou a incapacidade do governo de solucionar a crise do norte do país, onde o grupo tuaregue Movimento Nacional para a Libertação de Azawad pegou em armas em janeiro.
O norte de Mali, cuja independência é reclamada pelos tuaregues, é também um dos principais refúgios na região do grupo terrorista Al Qaeda no Magreb Islâmico.
O Conselho de Segurança da ONU havia mantido consultas a portas fechadas sobre a grave situação política que atinge o Mali e pedido calma a manutenção da ordem constitucional no país, depois que o grupo de militares assumiu o controle de vários pontos estratégicos da capital.
Os amotinados, procedentes do quartel de Kati, situado a 15 quilômetros de Bamaco, entraram na capital atirando para o ar e divulgando mensagens à população para que retornasse a suas casas.
O motivo do caos teria sido a visita do ministro da Defesa, Sadio Gassama, ao quartel para falar aos recrutas sobre o conflito com o Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA), que reivindicam a autodeterminação do norte.
Foram registrados confrontos entre militares amotinados e soldados da guarda presidencial ao redor do palácio onde se encontra o chefe de Estado.
Os choques entre militares malineses amotinados e as forças leais ao presidente se estenderam a Gao, principal cidade do norte do país. Os amotinados tomaram o controle da estação de rádio da cidade, que abriga o maior quartel militar da região.