"Diferente", candidata Josefina Vázquez Mota queria romper com tudo no México

Paula Escalada Medrano

Cidade do México

Seu principal slogan, "Diferente", diz muito de como tentou se mostrar Josefina Vázquez Mota na campanha eleitoral no México, distinta por ser a candidata mulher e afastada do presidente Felipe Calderón, uma estratégia que parece não ter funcionado como esta economista de 51 anos esperava.

"Um de seus erros fundamentais foi não se assumir como uma candidata de continuidade. Algumas ações do governo Calderón não lhe convenciam e suas dúvidas se refletiram (na campanha)", disse à Agência Efe o analista Salvador García Soto, para quem Vázquez Mota carecia de uma estratégia e um projeto claro.

A postulante conservadora foi escolhida por militantes e simpatizantes do Partido Ação Nacional (PAN) em fevereiro para lutar pela Presidência do México e se transformou na primeira mulher com chances de ganhar.

Sua condição de mulher foi explorada desde o primeiro momento, tanto para pedir o voto do eleitorado feminino como para assegurar que a diferença com seus rivais, todos homens, seria seu ponto forte. No entanto, para alguns analistas, a candidata, que em maio caiu do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas, não soube aproveitar esta vantagem.

"Essa ideia de se dizer 'diferente' não ficou clara, se era diferente apenas por ser mulher ou porque de fato tinha propostas diferentes", afirmou García Soto. Tampouco para se afastar de Felipe Calderón e romper com tudo, embora o líder ainda tenha o apoio de grande parte da sociedade mexicana, outro dos erros apontados pelo analista.

Deu às costas a Calderón, enquanto o ex-presidente Vicente Fox, embora também do PAN, retirou seu apoio a Vázquez Mota ao respaldar o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto.

Foi Fox seu mentor e padrinho político em 2000, quando decidiu que uma deputada anônima se transformaria em ministra do Desenvolvimento Social, a primeira mulher a ocupar este cargo.

Passional em seus atos públicos, mas de modos suaves quando fala com os jornalistas, é uma mulher "prudente, que projeta serenidade e empatia desde o primeiro momento em que entabula comunicação", segundo sua biografia oficial.

Nascida na Cidade do México em 20 de janeiro de 1961, numa família de oito irmãos, Vázquez Mota estudou Economia na Universidade Ibero-Americana. Após se licenciar, estudou no Instituto Pan-americano de Alta Direção de Empresas (Ipade) e obteve, além disso, o Diplomado de Ideias e Instituições no Instituto Tecnológico Autônomo do México (Itam).

No início da carreira, atuou como colunista de temas econômicos nos jornais mexicanos "Novedades", "El Financiero" e "El Economista".

Escreveu "Dios mío, hazme viuda por favor" ("Meu Deus, me faça viúva", em tradução livre), um livro de autoajuda, e recentemente publicou "Nuestra oportunidad. Un México para todos" ("Nossa oportunidade. Um México para todos", em tradução livre), um diálogo com 22 líderes internacionais sobre lições de vida e temas que podem ajudar para o desenvolvimento de seu país.

Para o jornalista Juan Veledíaz, que acaba de publicar o livro "La debacle del PAN, Josefina Vázquez Mota, la candidata de la ruptura" ("O desastre do PAN, Josefina Vázquez Mota, a candidata da ruptura", em tradução livre), a candidata buscou levar esse discurso da filosofia positiva ao plano político eleitoral em sua campanha.

É casada com um empresário do setor de informática, Sergio Ocampo Muñoz, com quem tem três filhas, uma delas líder da associação civil Jovens Vivendo México.

Foi assessora da Confederação de Câmaras Nacionais de Comércio, Serviços e Turismo (Concanaco) e a Confederação Patronal da República Mexicana (Coparmex).

Sua trajetória política iniciou no PAN como coordenadora civil e titular da Secretaria da Mulher, e em 2000 se tornou deputada até ser nomeada por Fox titular de Desenvolvimento Social, cargo que ocupou até 2006, quando renunciou para se incorporar à campanha do então candidato presidencial, Felipe Calderón.

Com Calderón como presidente, foi nomeada secretária de Educação Pública, sendo também a primeira mulher a ocupar este cargo ministerial.

Permaneceu nessa pasta até que, em 2009, se tornou legisladora e coordenadora do PAN na Câmara dos Deputados, cargo que abandonou no ano passado para se concentrar em suas aspirações presidenciais.

Embora seu partido sofra o desgaste de quase 12 anos no poder, Vázquez Mota está convencida de que ganhará o pleito de 1º de julho, nem que para isso, segundo ela, seja preciso "um milagre".

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