Primeiro-ministro de Lesoto confirma golpe de Estado e se refugia
Nairóbi, 30 ago (EFE).- O primeiro-ministro de Lesoto, Thomas Thabane, confirmou neste sábado que o Exército tomou o controle de seu país com um golpe de Estado, ação que o obrigou a fugir para a África do Sul.
"É um golpe militar porque foi realizado pelos militares, e é ilegal", disse em entrevista à emissora sul-africana "eNCA", na qual disse que não renunciará ao cargo.
"Não vou renunciar. Seria um desserviço ao povo que me elegeu", ressaltou.
Segundo explicou, seu governo está buscando ajuda com os países vizinhos, especialmente com a África do Sul, para tentar restaurar a democracia.
Thabane, que responsabilizou pelo golpe o chefe do Exército, Tlali Kamoli, recebeu informações de que estava sendo procurado pelos militares, por isso que decidiu fugir de sua residência.
O Exército tomou nesta madrugada o controle do quartel de Polícia e das estações de rádio e telefonia deste pequeno reino encravado na África do Sul.
Durante a ação foram registrados vários tiroteios, embora não exista informação sobre possíveis vítimas.
Segundo o jornal sul-africano "The Times", as relações entre o primeiro-ministro de Lesoto e o chefe do Exército romperam depois que Thabane quis tirar do poder o general ao suspeitar sobre seus supostos planos de sedição.
Thabane fechou recentemente o parlamento por um período de nove meses perante uma crise da coalizão que há dois anos o mantém no poder.
O reino de Lesoto obteve em 1966 a independência do Reino Unido, e começou quatro anos mais tarde uma longa trajetória de golpes de Estado.
A formação de Thabane governa o país em coalizão com outros dois partidos desde as eleições de 2012, que se desenvolveram com normalidade.
Cerca de 60% dos habitantes de Lesoto vivem na pobreza, e a maioria de sua população ativa trabalha na mineração, na agricultura ou no setor serviços da África do Sul.