Em 2º mandato, Obama encara desafio de deixar legado significativo

Miriam Burgués

Em Washington

Com desafios urgentes como o controle das armas e a elevação do teto da dívida para evitar uma nova recessão, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem mais quatro anos de governo pela frente com várias promessas descumpridas pendentes e o desafio de deixar um legado positivo e significativo.

Suas duas vitórias eleitorais (2008 e 2012) com mais de 50% do voto popular o igualam a presidentes como Franklin D. Roosevelt e Ronald Reagan, mas Obama ainda não entrou no seleto círculo de "figuras transformadoras", segundo Howard Fineman, diretor editorial do grupo Huffington Post.

Obama já tem um lugar nos livros de história como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, mas agora deve usar sua popularidade para que ao término de seu segundo mandato, em 2016, seu legado seja "tangível" e "transcendental", opina Ed Rogers, colunista do jornal "The Washington Post".

A missão não é nada fácil, e entre seus desafios mais urgentes após a massacre do dia 14 de dezembro em uma escola primária na cidade de Newtown que comoveu o país, está o de conseguir um maior controle sobre a posse e venda de armas, uma tarefa "com um grande risco político" tanto para ele como para seu partido, o Democrata.

Em entrevista à Agência Efe, Steffen Schmidt, professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Iowa, disse que Obama vai encontrar muita resistência entre republicanos e autoridades estaduais e locais à aplicação de medidas sobre o controle de armas.

O presidente aprovou nesta quarta-feira 23 ordens executivas para endurecer o controle sobre as armas, entre elas a proibição de comercialização de armas de assalto, a exigência de comprovação de antecedentes criminais para todas as vendas e o aumento da cobertura médica em saúde mental.

A outra batalha imediata é a negociação com os republicanos no Congresso para que autorizem o aumento do teto da dívida nacional, um assunto que Obama considera não negociável para evitar o caos nos mercados financeiros ou uma nova recessão em 2013.

Na última entrevista coletiva de seu primeiro mandato, convocada na segunda-feira de surpresa, o presidente deixou claro que não permitirá que os republicanos condicionem o diálogo sobre a elevação do teto da dívida, hoje em US$ 16,4 trilhões, a cortes nos gastos públicos.

Além do tema da dívida, o lento crescimento da economia e o alto índice de desemprego (7,8%) continuam a ser "um problema" para os Estados Unidos e para Obama, declarou à Efe Carolyn Dudek, professora de Ciências Políticas da Universidade Hofstra, de Nova York.

Se a reforma da saúde que estabelece a obrigatoriedade do seguro médico foi a principal conquista de seu primeiro mandato, no segundo, que começa oficialmente neste domingo, dia 20 de janeiro, Obama terá que implementá-la com sucesso, já que muitos governadores estaduais se negaram a fazê-lo, lembrou Schmidt.

Além disso, após ter posto fim à Guerra do Iraque, Obama precisa agora de "estratégias diplomáticas e militares muito hábeis", segundo palavras de Schmidt, para completar a retirada das tropas americanas do Afeganistão em 2014 sem permitir que esse país "caia de novo nas mãos dos talibãs e da Al Qaeda".

Schmidt e Dudek concordam que a reforma migratória foi a principal promessa descumprida do primeiro mandato de Obama e se transformou em um dos maiores desafios para os quatro anos que lhe restam na Casa Branca.

Em novembro, após conquistar a reeleição, Obama se mostrou confiante em começar o processo legislativo para uma reforma migratória "integral" imediatamente após sua segunda posse presidencial.

Congressistas destacados, entre eles o democrata Chuck Schumer e o republicano John McCain, já trabalham na surdina para elaborar uma proposta legislativa de reforma do sistema de imigração.

O fechamento do presídio militar de Guantánamo é outra promessa pendente de Obama, que durante os últimos meses não se pronunciou publicamente sobre o assunto.

Além disso, há muitas queixas de que o governo Obama não foi tão "transparente" como prometeu em 2008, e um exemplo é, segundo Dudek, o programa de aviões não tripulados (drones) para operações secretas antiterrorismo.

Também gerou críticas a configuração de sua nova equipe de ministros, na qual predominam homens brancos e faltam mulheres e hispânicos, dois dos grupos que lhe deram a reeleição e outra oportunidade para fazer história.

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