Argentina critica referendo sobre soberania das Malvinas

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Buenos Aires, 20 jan (EFE).- O governo argentino classificou de "falta de respeito" a convocação do referendo sobre a soberania das ilhas Malvinas, anunciado neste fim de semana pela Assembleia Legislativa do arquipélago.

O vice-presidente argentino, Amado Boudou, em exercício da máxima autoridade em virtude da viagem a vários países asiáticos da presidente Cristina Kirchner, declarou em nota no site oficial do governo que esse referendo, que acontecerá em março, "é uma falta de respeito à inteligência e ao direito nacional e internacional".

O político opinou que "será votado pelos colonos, os mesmos que deslocaram os verdadeiros moradores das terras" e assegurou que a Argentina "seguirá pedindo em paz, mas com toda a força" um diálogo com o Reino Unido sobre a soberania das Malvinas.

Os moradores do arquipélago votarão em um referendo para decidir seu status político nos dias 10 e 11 de março, em uma consulta que a Argentina rejeita por contradizer as resoluções das Nações Unidas.

Os residentes do arquipélago poderão responder "sim" ou "não" à pergunta "Você quer que as Ilhas Malvinas conservem seu status político atual como um território ultramar do Reino Unido?"

A decisão foi anunciada pela Assembleia Legislativa do arquipélago para "dar a todos a máxima oportunidade de exercer seu direito ao voto", cujo resultado demonstrará "de maneira clara, democrática e incontestável a forma como o povo das Ilhas Malvinas deseja viver suas vidas", explicou o organismo, na sexta-feira passada.

O referendo, que conta com o apoio do governo britânico, ignora várias resoluções da ONU, especialmente a 2065 de 1965, na qual não reconhece o direito de autodeterminação dos habitantes de Malvinas por tratar-se de um caso de descolonização.

Após o anúncio, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou na semana passada, em uma declaração escrita, que o Reino Unido "respeitará e defenderá" o resultado do referendo.

A consulta já tinha sido anunciada em junho de 2012 pelo líder conservador, que, nas últimas semanas, comunicou a militarização do arquipélago, onde há 3.000 moradores e 1.500 soldados.

A ameaça armamentista de Cameron foi uma resposta à carta enviada pela presidente argentina, na qual lhe pediu que acate as resoluções das Nações Unidas que exigem um diálogo pelas Malvinas.

As relações entre o Reino Unido e Argentina ficaram tensas no ano passado quando se completaram 30 anos da guerra pela posse das ilhas e pela insistência de Buenos Aires em negociar a soberania.

O conflito bélico entre Argentina e Reino Unido pela posse das ilhas do Atlântico Sul começou em 2 de abril de 1982, quando os militares argentinos ocuparam as Malvinas, e terminou em 14 de junho daquele ano com a rendição argentina.

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