Após se reeleger presidente, Correa lidera votação no Parlamento

Quito, 18 fev (EFE).- O Movimento Alianza País, liderado pelo presidente do Equador, Rafael Correa, lidera nesta segunda-feira a votação na Assembleia Nacional - parlamento unicameral do país -, um dia após ter vencido com ampla margem a disputa por mais um mandato presidencial, enquanto a oposição analisa o panorama político após sua derrota.

Com 32% das urnas computadas, o Alianza País tinha recebido 51% dos votos para membros da assembleia nacional, contra aproximadamente 12% do Movimento Creo, do ex-banqueiro Guillermo Lasso, que ficou em segundo na corrida à presidência, informou hoje o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Na disputa pelos legisladores que representam as províncias, o movimento de Correa liderava nas regiões mais populosas com uma votação que variava entre 41% e 65%, dependendo do distrito.

O Alianza País se beneficiará da aplicação inédita do método D'Hondt (quociente eleitoral, também chamado de fórmula das maiores médias) para a distribuição da maioria das cadeiras, que dá mais peso aos partidos grandes, uma mudança promovida no ano passado pela própria força política de Correa.

O presidente já antecipou que retomará um projeto de lei de comunicação na Assembleia para regular os "excessos" da imprensa, cuja votação foi suspensa em julho por falta de apoio para sua aprovação. A oposição o considera uma tentativa do governo de controlar os meios de comunicação.

No entanto, a vitória no pleito presidencial deu um novo respaldo político a Correa para fortalecer sua agenda. Os últimos dados lhe atribuem 57% dos votos na eleição, número superior ao obtido por ele há quatro anos, contra pouco mais de 23% de Lasso, com 71% dos votos já contabilizados.

Nesta segunda, o presidente voltou sua atenção ao exterior, concendo entrevistas a veículos de imprensa estrangeiros, após receber felicitações de governos de todo o mundo por sua vitória. Em declarações ao canal "Telesur", ele pediu o aprofundamento da integração latino-americana em áreas como financeira, laboral e seguridade social.

Neste sentido, ele disse considerar "um absurdo" que os países da região continuem utilizando o dólar como moeda de troca no comércio regional e pediu um maior uso do "sucre" (Sistema Unitário de Compensação Regional), moeda virtual impulsionada pela Alba.

Correa também atacou os acordos de livre-comércio, como os feitos recentemente por países como Colômbia, Peru, Chile e México, e reiterou sua recusa a pactos como este por parte do Equador com a União Europeia e os Estados Unidos.

Enquanto Correa se projeta ao exterior, dentro do Equador a oposição faz a apuração dos baixas na batalha eleitoral. Lasso não conseguiu os números que desejava no domingo, mas mesmo assim se transformou na segunda maior força política do Equador, apesar de esta ter sido sua primeira campanha eleitoral.

Correa falou no domingo com respeito sobre Lasso, mas fechou a porta ao diálogo com o ex-presidente Lúcio Gutiérrez e o empresário Álvaro Noboa, figuras importantes da política no país nos últimos anos e que receberam um duro golpe nas urnas.

Gutiérrez, à frente do Partido Sociedade Patriótica (PSP), recebeu 6,5% dos votos, segundo dados provisórios, contra 28% em 2009, quando foi o segundo mais votado, logo atrás de Correa.

"Faremos uma profunda análise interna do PSP para fazer retificações com serenidade", declarou hoje Gutiérrez.

Noboa, que concorreu pela quinta vez à presidência, recebeu apenas 3,6% dos votos.

A alternativa a Correa por parte da esquerda e dos grupos indígenas também saiu enfraquecida na figura de Alberto Acosta, que teve 3% dos votos, menos do que o número que conseguiu em 2009, apesar de que desde então terem aumentado as mobilizações em oposição aos projetos do presidente nas áreas petrolíferas e de mineração.

A reestruturação do mapa político do Equador também apresenta um novo nome, Mauricio Rodas, jurista de apenas 37 anos e sem experiência política, que com 4,1% dos votos abriu para si um espaço no cenário ideológico local.

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