Thatcher, a "Dama de Ferro" que despertou admiração e ódio
Viviana García.
Londres, 8 abr (EFE).- Margaret Thatcher, que morreu nesta segunda-feira aos 87 anos, gerou como poucos políticos na história do Reino Unido sentimentos tão opostos, desde a profunda admiração até uma rejeição que em muitos casos beirava o ódio.
Para bem ou para o mal, Thatcher passará para a história como uma primeira-ministra que transformou, e dividiu, o país nos quase onze anos em que esteve no governo. A conservadora foi a primeira mulher a se tornar a líder máxima do Reino Unido.
Com perseverança e estilo agressivo na hora de negociar, Thatcher se envolveu em diversas frentes: a quase destruição dos sindicatos, o enfrentamento com o IRA, a defesa dos interesses britânicos frente à Europa, críticas à extinta União Soviética e o conflito armado de 1982, quando enviou tropas ao Atlântico Sul para defender as ilhas Malvinas da ocupação argentina.
O força de vontade e a determinação de Thatcher valeram a ela o apelido de "Dama de Ferro", chamada assim pela imprensa soviética em função de sua ferrenha oposição ao comunismo.
Nascida em 13 de outubro de 1925 em Grantham (norte da Inglaterra), a política procedia de uma família de poucos recursos e seu pai foi proprietário de duas lojas de alimentos.
Com grande talento para o estudo, Thatcher frequentou um colégio secundário público e conseguiu ingressar na Universidade de Oxford, onde estudou química.
No entanto, em breve se daria conta de que sua paixão era a política, por isso estudou direito e se formou em 1954.
Um dos passos mais importantes em sua trajetória ocorreu em 1959, quando foi eleita deputada pelo distrito de Finchley (norte de Londres), o que permitiu a ela ocupar o subsecretariado de Estado de Pensões no governo de Harold Mcmillan (1957-63). Em seguida, Thatcher desempenharia diversos cargos em seu partido, quando os conservadores estavam na oposição, até 1970.
Com a vitória do "tory" Edward Heath em 1970, Thatcher assumiu o ministério da Educação, e depois dos conservadores deixarem o poder em 1974, para surpresa de muitos ela se tornou a líder de seu partido.
Em 1979, Thatcher venceu as eleições gerais em um momento no qual o Partido Trabalhista estava enfraquecido e o país parecia paralisado por greves e pela crise econômica.
Sua chegada ao governo significou uma completa transformação do Reino Unido: a "Dama de Ferro" apoiou a privatização de indústrias estatais e do transporte público (trens e ônibus); empreendeu uma reforma dos sindicatos, que praticamente foram retirados do poder; diminuiu impostos e gastos públicos e adotou uma flexibilização trabalhista.
As medidas conseguiram diminuir uma inflação que parecia não ter freio, mas tiveram um custo muito alto para a população britânica devido ao aumento do desemprego.
A euforia inicial por sua chegada ao poder se transformou em breve em frustração, a um ponto em que as pesquisas apontavam a derrota de Thatcher nas eleições gerais de 1983.
No entanto, a inesperada ocupação das ilhas Malvinas pelos militares argentinos, em 2 de abril de 1982, mudou o rumo da história.
A vitória dos britânicos em junho desse ano selou o destino, e a fama, da "Dama de Ferro", que conseguiu a vitória nas eleições gerais de 1983.
Com esse triunfo viriam os anos duros de Thatcher, que por exemplo não hesitou em continuar com o congresso anual de seu partido em Brighton (sul da Inglaterra), quando o IRA perpetrou em 1984 um atentado contra o hotel onde o evento estava sendo realizado.
Thatcher também não duvidou em enfrentar os mineiros, grupo que derrotou em 1985, após um ano de conflitos pelo fechamento de minas de carvão.
Os anos Thatcher foram marcados por uma forte aliança com o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e sua oposição ao comunismo. Apesar disso, a conservadora se deixou seduzir pelo carisma do reformador soviético Mikhail Gorbachev.
A derrocada de Thatcher chegou no final dos anos 80 com seu impopular "poll-tax", um imposto municipal que se não fosse pago era punido com a perda do direito ao voto. Além disso, a "Dama de Ferro" perdeu apoio devido a sua intransigência em relação à integração europeia.
Sua queda em função do controvertido imposto não veio pelas urnas, mas sim por parte do seu próprio partido, que em 22 de novembro de 1990, por meio de uma revolta interna, castigou-a por sua implacável determinação, mesma característica que levou Thatcher ao poder.
Londres, 8 abr (EFE).- Margaret Thatcher, que morreu nesta segunda-feira aos 87 anos, gerou como poucos políticos na história do Reino Unido sentimentos tão opostos, desde a profunda admiração até uma rejeição que em muitos casos beirava o ódio.
Para bem ou para o mal, Thatcher passará para a história como uma primeira-ministra que transformou, e dividiu, o país nos quase onze anos em que esteve no governo. A conservadora foi a primeira mulher a se tornar a líder máxima do Reino Unido.
Com perseverança e estilo agressivo na hora de negociar, Thatcher se envolveu em diversas frentes: a quase destruição dos sindicatos, o enfrentamento com o IRA, a defesa dos interesses britânicos frente à Europa, críticas à extinta União Soviética e o conflito armado de 1982, quando enviou tropas ao Atlântico Sul para defender as ilhas Malvinas da ocupação argentina.
O força de vontade e a determinação de Thatcher valeram a ela o apelido de "Dama de Ferro", chamada assim pela imprensa soviética em função de sua ferrenha oposição ao comunismo.
Nascida em 13 de outubro de 1925 em Grantham (norte da Inglaterra), a política procedia de uma família de poucos recursos e seu pai foi proprietário de duas lojas de alimentos.
Com grande talento para o estudo, Thatcher frequentou um colégio secundário público e conseguiu ingressar na Universidade de Oxford, onde estudou química.
No entanto, em breve se daria conta de que sua paixão era a política, por isso estudou direito e se formou em 1954.
Um dos passos mais importantes em sua trajetória ocorreu em 1959, quando foi eleita deputada pelo distrito de Finchley (norte de Londres), o que permitiu a ela ocupar o subsecretariado de Estado de Pensões no governo de Harold Mcmillan (1957-63). Em seguida, Thatcher desempenharia diversos cargos em seu partido, quando os conservadores estavam na oposição, até 1970.
Com a vitória do "tory" Edward Heath em 1970, Thatcher assumiu o ministério da Educação, e depois dos conservadores deixarem o poder em 1974, para surpresa de muitos ela se tornou a líder de seu partido.
Em 1979, Thatcher venceu as eleições gerais em um momento no qual o Partido Trabalhista estava enfraquecido e o país parecia paralisado por greves e pela crise econômica.
Sua chegada ao governo significou uma completa transformação do Reino Unido: a "Dama de Ferro" apoiou a privatização de indústrias estatais e do transporte público (trens e ônibus); empreendeu uma reforma dos sindicatos, que praticamente foram retirados do poder; diminuiu impostos e gastos públicos e adotou uma flexibilização trabalhista.
As medidas conseguiram diminuir uma inflação que parecia não ter freio, mas tiveram um custo muito alto para a população britânica devido ao aumento do desemprego.
A euforia inicial por sua chegada ao poder se transformou em breve em frustração, a um ponto em que as pesquisas apontavam a derrota de Thatcher nas eleições gerais de 1983.
No entanto, a inesperada ocupação das ilhas Malvinas pelos militares argentinos, em 2 de abril de 1982, mudou o rumo da história.
A vitória dos britânicos em junho desse ano selou o destino, e a fama, da "Dama de Ferro", que conseguiu a vitória nas eleições gerais de 1983.
Com esse triunfo viriam os anos duros de Thatcher, que por exemplo não hesitou em continuar com o congresso anual de seu partido em Brighton (sul da Inglaterra), quando o IRA perpetrou em 1984 um atentado contra o hotel onde o evento estava sendo realizado.
Thatcher também não duvidou em enfrentar os mineiros, grupo que derrotou em 1985, após um ano de conflitos pelo fechamento de minas de carvão.
Os anos Thatcher foram marcados por uma forte aliança com o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e sua oposição ao comunismo. Apesar disso, a conservadora se deixou seduzir pelo carisma do reformador soviético Mikhail Gorbachev.
A derrocada de Thatcher chegou no final dos anos 80 com seu impopular "poll-tax", um imposto municipal que se não fosse pago era punido com a perda do direito ao voto. Além disso, a "Dama de Ferro" perdeu apoio devido a sua intransigência em relação à integração europeia.
Sua queda em função do controvertido imposto não veio pelas urnas, mas sim por parte do seu próprio partido, que em 22 de novembro de 1990, por meio de uma revolta interna, castigou-a por sua implacável determinação, mesma característica que levou Thatcher ao poder.