Procurador-geral justifica espionagem na "AP" pela gravidade do vazamento
Raquel Godos.
Washington, 14 mai (EFE).- O secretário de Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, justificou nesta terça-feira a espionagem a jornalistas da agência "AP" pela gravidade do vazamento que seu departamento estava investigando.
"Era um vazamento muito sério, muito sério", repetiu Holder em entrevista coletiva na qual informou, no entanto, que ele se separou da investigação desde o princípio, para não incorrer em nenhum potencial conflito de interesses, dado que ele mesmo tinha sido interrogado previamente pelo FBI (polícia federal americana) a propósito da "AP".
"É um dos dois ou três vazamentos mais sérios que vi, que pôs em perigo a vida de americanos e que requeria uma ação muito agressiva" para tentar descobrir o responsável, assegurou Holder.
O secretário de Justiça disse desconhecer os detalhes da investigação, que foi realizada pelo FBI sob a direção do promotor federal do Distrito de Columbia e com a supervisão do procurador-geral adjunto, James M. Cole.
O requerimento para obter as ligações telefônicas realizadas pelos jornalistas da "AP" foi decidido por Cole, "em conformidade com os regulamentos e políticas do Departamento de Justiça", disse Holder, que se mostrou seguro que a lei tinha sido respeitada.
No entanto, a ação da Administração levantou uma enorme polêmica nos EUA, porque foi feita em segredo, sem dar à agência investigada a oportunidade de rebater as suspeitas, e pela grande quantidade de dados requestados.
Segundo revelou ontem a própria agência de notícias, os investigadores federais recopilaram informação de pelo menos 20 de suas linhas telefônicas em abril e maio de 2012 sobre as ligações feitas de seus escritórios em Nova York, Washington e Hartford (Connecticut).
Centenas de jornalistas utilizaram essas linhas nesse período e os investigadores gravaram todas as conversas que tiveram com suas fontes de informação.
As organizações profissionais denunciaram unanimemente o prejuízo que isto representa para o sistema democrático, porque suprime a confidencialidade que está na base da investigação jornalística independente.
O presidente e executivo-chefe da "AP", Gary B. Pruitt, qualificou ontem a ação do Departamento de Justiça de "intrusão em massa e sem precedentes" nas atividades da agência.
Ronald Machen, que trabalha para o próprio departamento em Washington, foi quem revelou à "AP" em carta na sexta-feira passada que a procuradoria federal tinha obtido as gravações, sem explicar o porquê da obtenção dos dados.
Segundo revelaram vários meios de comunicação nesta terça, Machen dirige uma investigação sobre o vazamento de informação secreta sobre um complô da rede terrorista Al Qaeda que a Agência Nacional de Inteligência (CIA) frustrou no ano passado no Iêmen, e cujo objetivo era detonar uma bomba dentro de um avião com destino aos EUA.
Um artigo da "AP" publicado no ano passado informou os detalhes da operação, mas a agência assegurou que divulgou a informação quando suas fontes lhe garantiram que já não havia perigo para a segurança do país.
Este novo escândalo pôs o governo de Barack Obama ainda mais na defensiva, enquanto aumenta a polêmica em torno da atuação de outra agência federal, o poderoso Serviço de Impostos Internos (IRS, na sigla em inglês), suspeito de ter atuado com parcialidade no tratamento das declarações fiscais dos grupos conservadores.
O porta-voz da Casa Branca se esforçou hoje para ressaltar que o presidente Obama é um "firme defensor" da Primeira Emenda da Constituição americana, que consagra o direito à liberdade de imprensa e a liberdade de expressão.
"Posso lhes dizer que o presidente acredita que a imprensa em geral tem que ter uma capacidade ilimitada para fazer jornalismo de investigação", declarou Carney.
Acrescentou, no entanto, que Obama "também é consciente da necessidade do segredo e de manter a informação confidencial em segredo" a fim de "proteger" os "interesses de segurança nacional".
"Há um delicado equilíbrio aqui que deve ser alcançado", sustentou Carney.
Porém, a imprensa acusa a Administração Obama justamente de não atuar com equilíbrio e de perseguir com sanha os casos de vazamentos, muito mais que os governos anteriores.
Washington, 14 mai (EFE).- O secretário de Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, justificou nesta terça-feira a espionagem a jornalistas da agência "AP" pela gravidade do vazamento que seu departamento estava investigando.
"Era um vazamento muito sério, muito sério", repetiu Holder em entrevista coletiva na qual informou, no entanto, que ele se separou da investigação desde o princípio, para não incorrer em nenhum potencial conflito de interesses, dado que ele mesmo tinha sido interrogado previamente pelo FBI (polícia federal americana) a propósito da "AP".
"É um dos dois ou três vazamentos mais sérios que vi, que pôs em perigo a vida de americanos e que requeria uma ação muito agressiva" para tentar descobrir o responsável, assegurou Holder.
O secretário de Justiça disse desconhecer os detalhes da investigação, que foi realizada pelo FBI sob a direção do promotor federal do Distrito de Columbia e com a supervisão do procurador-geral adjunto, James M. Cole.
O requerimento para obter as ligações telefônicas realizadas pelos jornalistas da "AP" foi decidido por Cole, "em conformidade com os regulamentos e políticas do Departamento de Justiça", disse Holder, que se mostrou seguro que a lei tinha sido respeitada.
No entanto, a ação da Administração levantou uma enorme polêmica nos EUA, porque foi feita em segredo, sem dar à agência investigada a oportunidade de rebater as suspeitas, e pela grande quantidade de dados requestados.
Segundo revelou ontem a própria agência de notícias, os investigadores federais recopilaram informação de pelo menos 20 de suas linhas telefônicas em abril e maio de 2012 sobre as ligações feitas de seus escritórios em Nova York, Washington e Hartford (Connecticut).
Centenas de jornalistas utilizaram essas linhas nesse período e os investigadores gravaram todas as conversas que tiveram com suas fontes de informação.
As organizações profissionais denunciaram unanimemente o prejuízo que isto representa para o sistema democrático, porque suprime a confidencialidade que está na base da investigação jornalística independente.
O presidente e executivo-chefe da "AP", Gary B. Pruitt, qualificou ontem a ação do Departamento de Justiça de "intrusão em massa e sem precedentes" nas atividades da agência.
Ronald Machen, que trabalha para o próprio departamento em Washington, foi quem revelou à "AP" em carta na sexta-feira passada que a procuradoria federal tinha obtido as gravações, sem explicar o porquê da obtenção dos dados.
Segundo revelaram vários meios de comunicação nesta terça, Machen dirige uma investigação sobre o vazamento de informação secreta sobre um complô da rede terrorista Al Qaeda que a Agência Nacional de Inteligência (CIA) frustrou no ano passado no Iêmen, e cujo objetivo era detonar uma bomba dentro de um avião com destino aos EUA.
Um artigo da "AP" publicado no ano passado informou os detalhes da operação, mas a agência assegurou que divulgou a informação quando suas fontes lhe garantiram que já não havia perigo para a segurança do país.
Este novo escândalo pôs o governo de Barack Obama ainda mais na defensiva, enquanto aumenta a polêmica em torno da atuação de outra agência federal, o poderoso Serviço de Impostos Internos (IRS, na sigla em inglês), suspeito de ter atuado com parcialidade no tratamento das declarações fiscais dos grupos conservadores.
O porta-voz da Casa Branca se esforçou hoje para ressaltar que o presidente Obama é um "firme defensor" da Primeira Emenda da Constituição americana, que consagra o direito à liberdade de imprensa e a liberdade de expressão.
"Posso lhes dizer que o presidente acredita que a imprensa em geral tem que ter uma capacidade ilimitada para fazer jornalismo de investigação", declarou Carney.
Acrescentou, no entanto, que Obama "também é consciente da necessidade do segredo e de manter a informação confidencial em segredo" a fim de "proteger" os "interesses de segurança nacional".
"Há um delicado equilíbrio aqui que deve ser alcançado", sustentou Carney.
Porém, a imprensa acusa a Administração Obama justamente de não atuar com equilíbrio e de perseguir com sanha os casos de vazamentos, muito mais que os governos anteriores.