Canadá vota entre continuidade conservadora e mudança em disputadas eleições
Julio César Rivas.
Toronto (Canadá), 15 out (EFE).- Cerca de 25 milhões de canadenses estão convocados para ir às urnas na próxima segunda-feira para escolher os 338 deputados da câmara baixa do parlamento, após a campanha eleitoral mais cara da história do país, assim como uma das mais longas.
A campanha para a 42ª eleição geral do Canadá também foi uma das mais controvertidas e disputadas, com três partidos com chances de vitória: o governante Partido Conservador (PC) do primeiro-ministro, Stephen Harper, o social-democrata Novo Partido Democrático (NPD) e o Partido Liberal (PL).
Quando Harper dissolveu a câmara no dia 2 de agosto, iniciando 11 semanas de campanha eleitoral nas quais cada partido pôde gastar US$ 128 milhões (US$ 78 milhões a mais que em 2011), o principal partido opositor, o NPD, dirigido por Thomas Mulcair, tinha uma leve vantagem nas pesquisas.
Mas, após semanas de empate virtual entre as três legendas, as últimas pesquisas colocam agora o Partido Liberal de Justin Trudeau como a formação com mais chances de ganhar as eleições.
Após quase dez anos no poder (os conservadores formaram governo de maneira ininterrupta desde dezembro de 2006 após ganhar as últimas três eleições gerais), a imensa maioria dos canadenses - até 70% segundo algumas pesquisas - quer uma mudança e a saída de Harper do governo.
Os social-democratas e Mulcair pareciam aglutinar em suas fileiras esse desejo de mudança. Nas eleições de 2011, o NPD deixou de ser o eterno terceiro atrás de liberais e conservadores para se transformar no principal partido da oposição, com 103 deputados dos 308 em que estava dividida então a câmara baixa.
Por sua vez, o hegemônico Partido Liberal teve o pior resultado de sua história, com 34 cadeiras, e o PC conseguiu sua primeira maioria absoluta no século XXI, 166 deputados.
Grande parte do avanço social-democrata foi fruto dos resultados na província francófona de Québec.
O sistema eleitoral canadense está baseado no sufrágio direto que divide o país em 338 circunscrições, uma por cadeira na câmara baixa. E nas eleições de 2011, o Québec tinha direito a 75 cadeiras (78 nas eleições deste ano), das quais o NPD ganhou 59.
Sobre essa base, Mulcair e o NPD planejaram ganhar apoios em outras três províncias-chave do país (Ontário, com 121 cadeiras em jogo, Colúmbia Britânica, com 42, e Alberta, com 34), para conseguir que pela primeira vez na história do Canadá os social-democratas formassem o governo.
Mas, após cinco debates públicos nos quais os principais líderes discutiram sobre economia, relações exteriores e imigração, o empate a três se dissolveu em favor de um confronto mais tradicional entre liberais e conservadores.
Os analistas apontam que o ponto de inflexão aconteceu nos dois últimos debates, realizados em 28 de setembro e em 2 de outubro, graças à boa atuação do líder liberal, Pierre Trudeau, e a um dos temas mais controvertidos da campanha: o direito das mulheres muçulmanas a usar o nicab, tipo de véu islâmico.
A plataforma do Partido Conservador, cuja base eleitoral se concentra no oeste do país e na província de Ontário, está baseada em dois princípios: economia e luta antiterrorista.
Segundo Harper, só os conservadores são capazes de manter o país flutuando em meio à instabilidade econômica que afeta o mundo desde a crise financeira de 2008, e só os conservadores podem manter o Canadá seguro diante da ameaça dos extremistas islâmicos.
A oposição conservadora quanto ao uso do véu se inscreve na política de Harper de responder a "práticas primitivas" que não têm lugar no Canadá, apesar de há apenas alguns anos os conservadores defenderem seu uso.
Porém, uma pesquisa encomendada no começo do ano por Harper revelou que, no Québec, 93% da população apoia a proibição do 'nicab' (véu que cobre ). Desde então, Harper endureceu sua oposição ao uso desse tipo de véu.
Durante o último debate, realizado em 2 de outubro em Montreal e em francês, Harper insistiu em sua oposição enquanto Mulcair e Trudeau se mostraram a favor de seu uso.
Após esse debate, os apoios ao NPD no Québec caíram aos poucos enquanto os dos conservadores aumentaram ligeiramente e os dos liberais dispararam em Ontário e nas regiões atlânticas do país.
Toronto (Canadá), 15 out (EFE).- Cerca de 25 milhões de canadenses estão convocados para ir às urnas na próxima segunda-feira para escolher os 338 deputados da câmara baixa do parlamento, após a campanha eleitoral mais cara da história do país, assim como uma das mais longas.
A campanha para a 42ª eleição geral do Canadá também foi uma das mais controvertidas e disputadas, com três partidos com chances de vitória: o governante Partido Conservador (PC) do primeiro-ministro, Stephen Harper, o social-democrata Novo Partido Democrático (NPD) e o Partido Liberal (PL).
Quando Harper dissolveu a câmara no dia 2 de agosto, iniciando 11 semanas de campanha eleitoral nas quais cada partido pôde gastar US$ 128 milhões (US$ 78 milhões a mais que em 2011), o principal partido opositor, o NPD, dirigido por Thomas Mulcair, tinha uma leve vantagem nas pesquisas.
Mas, após semanas de empate virtual entre as três legendas, as últimas pesquisas colocam agora o Partido Liberal de Justin Trudeau como a formação com mais chances de ganhar as eleições.
Após quase dez anos no poder (os conservadores formaram governo de maneira ininterrupta desde dezembro de 2006 após ganhar as últimas três eleições gerais), a imensa maioria dos canadenses - até 70% segundo algumas pesquisas - quer uma mudança e a saída de Harper do governo.
Os social-democratas e Mulcair pareciam aglutinar em suas fileiras esse desejo de mudança. Nas eleições de 2011, o NPD deixou de ser o eterno terceiro atrás de liberais e conservadores para se transformar no principal partido da oposição, com 103 deputados dos 308 em que estava dividida então a câmara baixa.
Por sua vez, o hegemônico Partido Liberal teve o pior resultado de sua história, com 34 cadeiras, e o PC conseguiu sua primeira maioria absoluta no século XXI, 166 deputados.
Grande parte do avanço social-democrata foi fruto dos resultados na província francófona de Québec.
O sistema eleitoral canadense está baseado no sufrágio direto que divide o país em 338 circunscrições, uma por cadeira na câmara baixa. E nas eleições de 2011, o Québec tinha direito a 75 cadeiras (78 nas eleições deste ano), das quais o NPD ganhou 59.
Sobre essa base, Mulcair e o NPD planejaram ganhar apoios em outras três províncias-chave do país (Ontário, com 121 cadeiras em jogo, Colúmbia Britânica, com 42, e Alberta, com 34), para conseguir que pela primeira vez na história do Canadá os social-democratas formassem o governo.
Mas, após cinco debates públicos nos quais os principais líderes discutiram sobre economia, relações exteriores e imigração, o empate a três se dissolveu em favor de um confronto mais tradicional entre liberais e conservadores.
Os analistas apontam que o ponto de inflexão aconteceu nos dois últimos debates, realizados em 28 de setembro e em 2 de outubro, graças à boa atuação do líder liberal, Pierre Trudeau, e a um dos temas mais controvertidos da campanha: o direito das mulheres muçulmanas a usar o nicab, tipo de véu islâmico.
A plataforma do Partido Conservador, cuja base eleitoral se concentra no oeste do país e na província de Ontário, está baseada em dois princípios: economia e luta antiterrorista.
Segundo Harper, só os conservadores são capazes de manter o país flutuando em meio à instabilidade econômica que afeta o mundo desde a crise financeira de 2008, e só os conservadores podem manter o Canadá seguro diante da ameaça dos extremistas islâmicos.
A oposição conservadora quanto ao uso do véu se inscreve na política de Harper de responder a "práticas primitivas" que não têm lugar no Canadá, apesar de há apenas alguns anos os conservadores defenderem seu uso.
Porém, uma pesquisa encomendada no começo do ano por Harper revelou que, no Québec, 93% da população apoia a proibição do 'nicab' (véu que cobre ). Desde então, Harper endureceu sua oposição ao uso desse tipo de véu.
Durante o último debate, realizado em 2 de outubro em Montreal e em francês, Harper insistiu em sua oposição enquanto Mulcair e Trudeau se mostraram a favor de seu uso.
Após esse debate, os apoios ao NPD no Québec caíram aos poucos enquanto os dos conservadores aumentaram ligeiramente e os dos liberais dispararam em Ontário e nas regiões atlânticas do país.
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