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HRW alerta sobre retrocesso dos direitos humanos no Oriente Médio

27/01/2016 14h41

Istambul, 27 jan (EFE).- Os direitos humanos estão em claro retrocesso em muitas zonas do Oriente Médio, algo que se manifesta especialmente em uma repressão generalizada de oposição sob a desculpa de prevenir o terrorismo, segundo denuncia a ONG Humam Rights Watch (HRW) em seu relatório anual apresentado nesta quarta-feira.

"Detenções, desaparições, torturas... tudo com a desculpa do terrorismo. E sem deixar nenhuma via pacífica à oposição", denunciou o diretor da HRW, Kenneth Roth, em entrevista coletiva em Istambul.

Roth afirmou que o Egito é um dos exemplos mais nítidos de como a ameaça de terror é utilizada para impedir toda atividade de oposição.

Uma tendência similar, apesar embora menos grave, é observada na Jordânia, onde as autoridades "usam cada vez mais as leis antiterroristas para prender e julgar ativistas, dissidentes e jornalistas", observa o relatório anual.

A mudança geracional do poder monárquico na Arábia Saudita, por outro lado, não modificou a situação dos direitos humanos no país, há muito tempo sob mínimos absolutos.

"Formar um grupo civil para pedir contas ao governo é um bilhete direto à prisão na Arábia Saudita, Bahrein, Belarus, Egito, Emirados Árabes, Ruanda, Sudão e Vietnã", observa o relatório.

Também não parece haver mudanças no Irã, onde pelo menos 830 presos foram executados em 2015, a maioria deles por delitos relacionados com drogas, mas onde também há presos cerca de 50 jornalistas, blogueiros e ativistas de redes sociais, uma condenada a 12 anos de prisão por divulgar uma caricatura.

Menções à parte merecem países em guerra como o Iraque, Síria e Iêmen, onde a população civil convive com milícias extremistas como o Estado Islâmico (EI) e com a repressão das autoridades.

Assim, no Iraque, não só o EI cometeu massacres, mas também as milícias xiitas pró-governo destruíram de forma sistemática muitas aldeias sunitas, e abusos similares ocorreram sob o controle das milícias curdas peshmerga.

A Human Rights Watch também recebeu queixas detalhadas sobre "deslocamentos forçados" da população árabe em territórios conquistados pelas milícias curdas da Síria, mas não mencionou este aspecto, reconheceu a investigadora Emma Sinclair-Webb.

De todas formas, o partido curdo PYD deveria poder participar das negociações de Genebra, opinou Roth, que disse "não entender" a oposição da Turquia a sua participação.

"O descalabro do processo de paz curdo na Turquia não deveria impedir os curdos da Síria de exercerem seus direitos cidadãos", sentenciou.

Mas mostrou também suas dúvidas de que na cúpula que vai ser realizada em Genebra seja possível alcançar um acordo se, ao mesmo tempo, continuarem os bombardeios do regime contra civis, por isso os Estados Unidos deveriam primeiro pressionar a Rússia e o Irã para pôr fim a estes massacres, opinou o diretor da Human Rights Watch. EFE

iut/ff