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HRW pede que Iraque proteja valas para provar genocídio do EI contra yazidis

30/01/2016 08h27

Cairo, 30 jan (EFE).- O governo do Iraque deve proteger as valas comuns encontradas no norte do país para que as provas de um possível genocídio do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) contra a minoria yazidi não sejam perdidas.

O pedido foi feito neste sábado pela Human Rights Watch (HRW) e pelo Yaza, um grupo de apoio aos yazidis, que alertam que, desde que as forças curdas recuperaram o controle da região do Monte Sinjar, muitas valas estão abertas e os corpos estão sendo exumados sem o auxílio de especialistas.

"A justiça para as vítimas yazidis dos assassinatos em massa do EI depende da conservação dos túmulos do Monte Sinjar", afirmou o subdiretor da HRW para o Oriente Médio, Joe Stork, que pediu as autoridades curdas e iraquianas para protegerem as valas da degradação climática e dos animais.

A maior parte dos corpos enterrados na região pertence a yazidis mortos quando o EI assumiu o controle da região em agosto de 2014, de acordo com o comunicado da HRW, que lembra que a ONU indicou que esses assassinatos em massa podem se configurar como um genocídio.

O texto recomenda que o governo iraquiano convide especialistas internacionais neutros e com experiência prévia para proteger e analisar as provas nesses túmulos, uma tarefa que deveria ser financiada por doadores de todo o mundo.

Existem mais de 20 valas comuns nas regiões controladas pelos curdos em Monte Sinjar sem proteção especial, de acordo com a HRW. Por outro lado, outras dez ainda estão sob domínio do EI.

A HRW visitou sete das valas comuns e descobriu que os habitantes e as autoridades locais tinham exumado os corpos. Nos casos em que as vítimas foram identificadas, os restos mortais foram entregues às famílias.

As exumações sem especialistas podem destruir as provas de um possível genocídio e complicar a futura identificação dos corpos, lamentou a HRW no comunicado divulgado hoje.

Grandes regiões de Sinjar foram conquistadas em agosto de 2014 pelo EI, que assassinou e sequestrou milhares de yazidis, uma minoria de etnia curda e cuja religião se baseia no zoroastrismo.

Segundo dados da ONU, mais de 500 mil yazidis e membros de outras religiões minoritárias fugiram do norte de Iraque desde junho de 2014.