Muçulmanos se dizem alarmados por "retórica islamofóbica" de Trump e Cruz
Anna Buj.
Washington, 26 mar (EFE).- Tariq é um dos 3,3 milhões de muçulmanos que vivem nos Estados Unidos e, como muitos deles, se diz alarmado pela "retórica islamofóbica" adotada pelos pré-candidatos do partido Republicano à presidência Donald Trump e Ted Cruz após os atentados da última terça-feira em Bruxelas.
"Acredito que os atentados foram terríveis e me deixaram muito triste, mas não podem ser uma desculpa para que os republicanos os associem com toda nossa comunidade, que é pacífica e não tem nada a ver com o Estado Islâmico", disse à Agência Efe o jovem, de origem turca, ao sair da maior mesquita da capital americana.
Localizada em uma dasprincipais avenidas de Washington, The Islamic Center é um edifício que poderia passar despercebido entre as embaixadas vizinhas se não fosse por seu alto minarete, que lembra que o centro é uma das mesquitas mais antigas do país.
Após os ataques do Estado Islâmico (EI) no coração da União Europeia (UE), que deixaram 31 mortos e mais de 200 feridos, os líderes da disputa pela candidatura republicana à presidência, o magnata nova-iorquino Donald Trump e o senador pelo Texas Ted Cruz, condenaram o horror com polêmicas declarações que incendiaram as redes sociais.
"Precisamos fortalecer as forças de segurança para patrulhar os bairros muçulmanos antes que se radicalizem", declarou Cruz.
Trump, por sua vez, insistiu na necessidade de "ser muito, muito, muito duro com as fronteiras" após reafirmar sua ideia de proibir a entrada de muçulmanos como medida de precaução ante o alarme do terrorismo jihadista.
"Nossos mil agentes muçulmanos são uma ameaça também? É impossível pensar em declarações mais tolas", disse então o porta-voz da polícia de Nova York, J. Peter Donald.
A mensagem dos candidatos repercutiu profundamente entre a diversa comunidade muçulmana nos Estados Unidos, um grupo com uma renda média superior à média do país e que até o presidente George W. Bush mandar tropas ao Iraque, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, votava majoritariamente no partido Republicano.
No entanto, a última pesquisa elaborada pelo Council on American-Islamic Relations (CAIR) revela que 67% dos muçulmanos se consideram democratas e só 18% deles votariam nos republicanos em 2016.
De acordo com essa pesquisa, 46% da comunidade pensa que a democrata Hillary Clinton é a mais preparada para ocupar o Salão Oval da Casa Branca.
"Embora Trump e Cruz utilizem estas declarações com fins políticos, infelizmente o povo as interpreta como um aval à intolerância, aos discursos polarizadores, para que haja diferentes tipos de cidadãos. E isso se traduz em atos", disse à Efe o porta-voz do CAIR Wilfredo Ruiz.
Segundo Ruiz, no estado da Flórida os muçulmanos sofreram um aumento de 100% dos crimes de ódio durante esta campanha eleitoral, entre eles o assédio escolar, humilhações às mulheres que decidem vestir o hiyab (véu muçulmano) e agressões a várias mesquitas.
O último caso reportado é o de uma adolescente californiana de 13 anos que foi acossada nesta semana por um colega de classe, que arrancou seu véu e a chamou de"terrorista" diante de toda a turma.
O porta-voz do CAIR, ONG que zela pela imagem do Islã nos Estados Unidos, ressaltou que outra das consequências da "lamentável e macabra estratégia eleitoral" é que pode ser traduzida em um "perigo para a segurança nacional", já que muitas vezes são os próprios muçulmanos que avisam de um potencial caso de extremismo.
"Qual será o incentivo em denunciar outros membros da comunidade às forças da ordem pública com estes estereótipos?", questionou Ruiz.
Mas também há muçulmanos que vivem alheios ao barulho. Um companheiro de orações de Tariq na grande mesquita de Washington, que se definiu como unicamente como americano, se chateia com a polêmica, que vê como um palavreado vazio de conteúdo.
"Não tem importância o que eles (candidatos) dizem, porque só o fazem para ganhar as eleições. E se as ganharem, este país tem leis que os impedirão de cumprir estas propostas".
Washington, 26 mar (EFE).- Tariq é um dos 3,3 milhões de muçulmanos que vivem nos Estados Unidos e, como muitos deles, se diz alarmado pela "retórica islamofóbica" adotada pelos pré-candidatos do partido Republicano à presidência Donald Trump e Ted Cruz após os atentados da última terça-feira em Bruxelas.
"Acredito que os atentados foram terríveis e me deixaram muito triste, mas não podem ser uma desculpa para que os republicanos os associem com toda nossa comunidade, que é pacífica e não tem nada a ver com o Estado Islâmico", disse à Agência Efe o jovem, de origem turca, ao sair da maior mesquita da capital americana.
Localizada em uma dasprincipais avenidas de Washington, The Islamic Center é um edifício que poderia passar despercebido entre as embaixadas vizinhas se não fosse por seu alto minarete, que lembra que o centro é uma das mesquitas mais antigas do país.
Após os ataques do Estado Islâmico (EI) no coração da União Europeia (UE), que deixaram 31 mortos e mais de 200 feridos, os líderes da disputa pela candidatura republicana à presidência, o magnata nova-iorquino Donald Trump e o senador pelo Texas Ted Cruz, condenaram o horror com polêmicas declarações que incendiaram as redes sociais.
"Precisamos fortalecer as forças de segurança para patrulhar os bairros muçulmanos antes que se radicalizem", declarou Cruz.
Trump, por sua vez, insistiu na necessidade de "ser muito, muito, muito duro com as fronteiras" após reafirmar sua ideia de proibir a entrada de muçulmanos como medida de precaução ante o alarme do terrorismo jihadista.
"Nossos mil agentes muçulmanos são uma ameaça também? É impossível pensar em declarações mais tolas", disse então o porta-voz da polícia de Nova York, J. Peter Donald.
A mensagem dos candidatos repercutiu profundamente entre a diversa comunidade muçulmana nos Estados Unidos, um grupo com uma renda média superior à média do país e que até o presidente George W. Bush mandar tropas ao Iraque, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, votava majoritariamente no partido Republicano.
No entanto, a última pesquisa elaborada pelo Council on American-Islamic Relations (CAIR) revela que 67% dos muçulmanos se consideram democratas e só 18% deles votariam nos republicanos em 2016.
De acordo com essa pesquisa, 46% da comunidade pensa que a democrata Hillary Clinton é a mais preparada para ocupar o Salão Oval da Casa Branca.
"Embora Trump e Cruz utilizem estas declarações com fins políticos, infelizmente o povo as interpreta como um aval à intolerância, aos discursos polarizadores, para que haja diferentes tipos de cidadãos. E isso se traduz em atos", disse à Efe o porta-voz do CAIR Wilfredo Ruiz.
Segundo Ruiz, no estado da Flórida os muçulmanos sofreram um aumento de 100% dos crimes de ódio durante esta campanha eleitoral, entre eles o assédio escolar, humilhações às mulheres que decidem vestir o hiyab (véu muçulmano) e agressões a várias mesquitas.
O último caso reportado é o de uma adolescente californiana de 13 anos que foi acossada nesta semana por um colega de classe, que arrancou seu véu e a chamou de"terrorista" diante de toda a turma.
O porta-voz do CAIR, ONG que zela pela imagem do Islã nos Estados Unidos, ressaltou que outra das consequências da "lamentável e macabra estratégia eleitoral" é que pode ser traduzida em um "perigo para a segurança nacional", já que muitas vezes são os próprios muçulmanos que avisam de um potencial caso de extremismo.
"Qual será o incentivo em denunciar outros membros da comunidade às forças da ordem pública com estes estereótipos?", questionou Ruiz.
Mas também há muçulmanos que vivem alheios ao barulho. Um companheiro de orações de Tariq na grande mesquita de Washington, que se definiu como unicamente como americano, se chateia com a polêmica, que vê como um palavreado vazio de conteúdo.
"Não tem importância o que eles (candidatos) dizem, porque só o fazem para ganhar as eleições. E se as ganharem, este país tem leis que os impedirão de cumprir estas propostas".
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