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Tribunal de Bangladesh ordena detenção da líder opositora Khaleda Zía

30/03/2016 12h15

Daca, 30 mar (EFE).- Um tribunal de Bangladesh emitiu nesta quarta-feira uma ordem de detenção contra a ex-primeira-ministra e líder opositora de Bangladesh Khaleda Zía por um caso de violência envolvendo seu partido no início do ano passado, informaram à Agência Efe fontes da formação.

A Corte Metropolitana de Sessões de Daca ordenou a prisão da presidente do Partido Nacionalista (BNP) e de outros 27 membros após aceitar as acusações apresentadas pela polícia, e pediu às forças de segurança para cumprirem a ordem antes de 27 de abril.

"Esta é mais uma mostra de fustigação política que nosso partido sofre. Khaleda Zía e os demais podem ser detidos a qualquer momento", disse à Efe Sanaullah Miah, um dos advogados dela.

Miah acrescentou que a direção do BNP se reunirá nos próximos dias para debater que medidas tomar, incluindo comparecer à corte e apresentar um recurso para contornar a detenção, embora tenha dito que não acredita ser "provável" que a ordem seja executada.

Khaleda e seus companheiros são acusados de orquestrar um ataque com coquetéis molotov contra um ônibus em janeiro de 2015. A ação matou uma pessoa e deixou 30 feridas.

Esse incidente fez parte da campanha que o BNP lançou no primeiro trimestre do ano passado para pedir a antecipação das eleições, um período com constantes greves e protestos violentos nas quais 120 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

O BNP, atualmente fora do parlamento, boicotou as últimas eleições gerais, em janeiro de 2014, depois que a governante Liga Awami da primeira-ministra, Sheikh Hasina, suprimiu a modalidade de governo interino que nas últimas décadas tinha sido utilizado para supervisionar as eleitorais no país.

Em fevereiro de 2015, outro tribunal já tinha ordenado a prisão de Khaleda, nessa ocasião em relação a dois casos de corrupção, mas finalmente a ex-primeira-ministra obteve liberdade pagando uma fiança após comparecer perante a justiça semanas depois.

Ela, que foi primeira-ministra de Bangladesh por duas vezes (1991-1996 e 2001-2006), enfrenta 13 processos por corrupção e violência, conforme disse à Efe o porta-voz do BNP, Asaduzzaman Ripon, uma situação que afeta também centenas de militantes e líderes do partido.

O BNP e a Liga Awami, partidos herdeiros de figuras centrais da guerra de independência, se alternaram no poder na polarizada Bangladesh nos últimos 25 anos com a ressalva de um breve período de tutela militar.