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EUA revisarão classificação das Farc como grupo terrorista após acordo de paz

Manifestantes se concentram na praça Bolívar, em Bogotá, para celebrar o acordo de paz com as Farc - Guillermo Legaria/AFP
Manifestantes se concentram na praça Bolívar, em Bogotá, para celebrar o acordo de paz com as Farc Imagem: Guillermo Legaria/AFP

Bogotá

26/09/2016 16h16

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, disse nesta segunda-feira (26) que o governo de seu país vai revisar a retirada das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de sua lista de grupos terroristas na medida em que mudem os "fatos" após a assinatura do acordo de paz.

"Pode acontecer rápido. Vai depender de como as coisas vão ocorrer na Colômbia", afirmou Kerry à emissora "NTN24", ao se referir aos compromissos das Farc, a guerrilha que hoje assinará o acordo de paz com o governo colombiano na cidade Cartagena das Índias, no norte do país sul-americano.

"Se eles se desarmarem, se se reintegrarem à sociedade, estes são aspectos que serão levados em conta na revisão", explicou o chefe da diplomacia americana, segundo os trechos antecipados da entrevista transmitidos pela "NTN24".

"Nós vamos revisar e, quando os fatos mudarem, isso é o que será levado em conta", afirmou o secretário de Estado dos EUA, que se encontra na Colômbia para presenciar esta tarde a assinatura do acordo que acabará com meio século de conflito armado.

O acordo será assinado hoje na presença de cerca de 2.500 convidados, do país e do exterior, pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o número 1 das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como "Timochenko".

"Não revisaremos esse tema com base na data da assinatura", mas vamos fazê-lo de "maneira cuidadosa", explicou Kerry, ao reiterar que os Estados Unidos estarão atentos ao cumprimento de pontos como o "desarmamento e a reintegração" à política. "São considerações muito importantes", acrescentou o secretário de Estado.

Kerry afirmou que seu país espera que este processo "seja uma vitória para o povo colombiano".

Os Estados Unidos "querem autoridades fortes na Colômbia" e manterão sua cooperação no combate ao narcotráfico, disse Kerry, que acrescentou que o governo Obama está pedindo ao Congresso "US$ 390 milhões para a implementação da paz" na Colômbia.

A União Europeia (UE) informou hoje que vai fazer as "considerações necessárias" sobre uma eventual retirada das Farc de sua lista de organizações terroristas uma vez que tenha sido assinado o acordo de paz entre essa guerrilha e o governo colombiano.

"As Farc seguem atualmente na lista de organizações terroristas na Colômbia", expressou a porta-voz comunitária Maja Kocijancic, que ressaltou que a UE "apoiou firmemente o acordo de paz na Colômbia".

"A Europa costuma ter um enfoque diferente. Alegra-me que queiram fazer o mesmo. Nós estamos preparados para revisar (a classificação das Farc como organização terrorista)", afirmou Kerry sobre a posição da UE.

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse em agosto que seu país será "parceiro" da Colômbia para "fazer a paz" e afirmou que o acordo entre o governo colombiano e as Farc mostra que o "compromisso sustentado com a diplomacia pode superar inclusive os conflitos mais duradouros".

As Farc estão na lista de organizações terroristas dos Estados Unidos desde 1997, o que proíbe os americanos de realizar qualquer transação de negócios com o grupo e congela as propriedades e bens que a guerrilha possa ter em território americano.