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Escócia diz que 2º referendo seria resposta à "intransigência" de Londres

28/02/2017 09h13

Londres, 28 fev (EFE).- A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse nesta terça-feira que, se um segundo referendo de independência do Reino Unido for finalmente convocado, isto seria devido à "pura intransigência" do governo britânico na hora de levar em conta a região ao negociar o "Brexit.

Em artigo publicado nesta terça-feira no jornal "The Times", Sturgeon explicou que tem um "mandato incontestável" para convocar uma segunda consulta na Escócia, que seria justificada pelo resultado do referendo em que a população do Reino Unido - em sua maioria, mas não na Escócia - votou pela saída do país da União Europeia; e pela vitória de sua legenda, o Partido Nacional Escocês, nas últimas eleições regionais.

Fontes do Executivo em Londres não esconderam sua preocupação de que a dirigente escocesa possa utilizar o início do "Brexit" para exigir outra votação sobre o futuro da Escócia, depois que os escoceses rejeitaram a independência no primeiro referendo realizado em setembro de 2014.

A líder independentista afirmou hoje que está demorando para exercer esse mandato de forma imediata pois quer "explorar" outras opções para proteger o lugar da Escócia na Europa, uma vez que o Reino Unido proceda com sua saída do bloco comunitário.

Sturgeon indicou que seu governo apresentou propostas para um "acordo diferenciado" pelo qual a Escócia pudesse continuar dentro do mercado único europeu após o "Brexit", mas lamentou o enfoque de Londres, que quer fazer as coisas "do seu jeito".

"Aceitamos, com ressalvas, que sairíamos da União Europeia (UE), mas pedimos que o Reino Unido permanecesse no mercado único ou, se isso não fosse possível, que buscasse durante a negociação um resultado que permitisse à Escócia fazer isso e concordasse em reequilibrar os poderes em todo o país para levar em conta um cenário pós-Brexit e permitir que a Escócia pudesse tomar decisões diferentes", afirmou Sturgeon ao "Times".

A líder independentista lamentou que, "ao invés de buscar um ponto intermediário, o enfoque adotado pelo governo britânico foi de fazer as coisas 'do seu jeito ou de jeito nenhum'".

"Se for apresentado um referendo de independência, isto não será por má fé por parte do governo escocês, mas devido à pura intransigência por parte do governo britânico", advertiu a premiê.

No entanto, Sturgeon considera que ainda "não é muito tarde" para que o Executivo de May "mude o curso das coisas", mas alertou que "o tempo está acabando".

Está previsto que a primeira-ministra do Reino Unido faça uma viagem à Escócia no final desta semana para se dirigir ao congresso anual escocês em Glasgow.