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Filho do premiê israelense chama atenção com polêmicas nas redes sociais

23/09/2017 06h00

Maya Siminovich.

Jerusalém, 23 set (EFE).- Yair Netanyahu, o filho mais velho do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e sua esposa Sara, monopolizou as manchetes do país após publicar no Facebook, de maneira extravagante, suas opiniões políticas e criticar o que classifica como "perseguição" à sua família.

O último escândalo foi a publicação de uma mensagem com tópicos antissemitas que intitulou como "cadeia alimentar" e que mostrava o milionário judeu George Soros - mecenas de organizações de esquerda, algumas críticas a Israel e à ocupação - controlando o mundo através de outras figuras conspiracionistas, como reptilianos, iluminatis e maçons.

Segundo o 'meme' publicado por Netanyahu, de 26 anos, estas figuras controlam o ex-primeiro-ministro trabalhista Ehud Barak, ferrenho crítico de seu pai, e outras pessoas como o ex-funcionário da residência do premiê, Meni Naftali, que processou a família por maus-tratos e deu origem ao caso em que Sara é acusada de má utilização de recursos públicos.

Este post causou um grande rebuliço: foi condenado pela Liga Antidifamação - poderoso lobby judaico que supervisiona o antissemitismo no mundo - e também elogiado pelo ex-líder do Ku Klux Klan, David Duke, antes de ser apagado por Yair.

Outra mensagem polêmica foi escrita em agosto, após a violência racista de Charlottesville, nos Estados Unidos, quando opinou que os grupos de esquerdas eram mais perigosos que os neonazistas.

"Sou judeu, sou israelense, o lixo neonazista na Virgínia odeia a mim e ao meu país. Mas pertencem ao passado. No entanto, os matadores de Antifà e Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), que também odeiam o meu país, estão se tornando cada vez mais fortes e dominantes nas universidades e na vida pública americana", escreveu.

Também houve outro incidente menor, denominado pelos meios de comunicação como o do "cocô de cachorro", no qual uma vizinha da residência oficial acusou Yair, também pelo Facebook, de não recolher os excrementos da cadela da família, Kaya, uma queixa que foi amplamente divulgada.

O "think tank" israelense Molad utilizou a ocasião para qualificar Yair Netanyahu como "pretensioso" e "corrupto".

O Molad destacou em seu artigo que Yair vive com os pais na residência oficial e usa guarda-costas financiados pelos contribuintes sem possuir nenhum cargo público.

O filho do premiê reagiu com outro post acusando os "esquerdistas" do país de refestelar-se com a sua família e escreveu que nenhum outro filho de premiê foi tão perseguido em Israel, sugerindo que deveriam investigar o filho do ex-primeiro ministro Ehud Olmert e sua "interessante relação com um palestino", insinuando uma relação homossexual.

Yair Netanyahu também lembrou ao público que o filho do ex-presidente Shimon Peres matou acidentalmente outro soldado em um treinamento do exército e que o filho do ex-primeiro ministro Ariel Sharon, Omri, esteve na prisão por corrupção.

A saga continuou com a resposta de Ariel Olmert e o processo judicial que Yair Netanyahu apresentou contra o Molad.

Yair tinha cinco anos quando o seu pai foi premiê pela primeira vez, em 1996, e quando retornou à presidência do governo em 2009 era um adolescente. Seu irmão mais novo, Avner, de 23 anos, é mais discreto e quase não aparece na imprensa, mas Yair optou por um perfil mais público.

Fez o serviço militar na área de comunicação do Exército, durante o qual em diversas ocasiões se tornaram públicas supostas exigências de um tratamento preferencial, e depois estudou na Universidade Hebraica de Jerusalém e foi membro ativo do Likud, partido do pai, expressando suas opiniões políticas em diferentes foros.

Nas eleições de 2015, exerceu um papel importante na campanha eleitoral e, segundo informou ao jornal "Jerusalem Post" um membro do Likud, ofereceu "argumentos inteligentes" para que seu pai usasse durante a campanha.

Desde então, foram divulgadas repetidas informações sobre a influência do filho sobre o pai.

Yair Netanyahu também foi atingido pelas acusações de corrupção contra seu pai: em 2016 uma reportagem informou que desfrutou de luxuosas férias nos Estados Unidos convidado pelo milionário australiano James Packer, uma das pessoas relacionadas ao chamado "Caso 1000", no qual o premiê é investigado por aceitar presentes de valor maior que o permitido.

O governante israelense evitou falar com a imprensa sobre o seu filho pelo post da "cadeia alimentar", mas, em relação ao caso dos presentes, ressaltou que Yair "é um cidadão particular e Packer um amigo íntimo da família".