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Navalny convoca boicote eleitoral ao culpar Putin por candidatura rejeitada

25/12/2017 17h17

Moscou, 25 dez (EFE).- O líder da oposição russa, Alexei Navalny, convocou um boicote para as eleições presidenciais de março de 2018 após acusar o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, de ordenar nesta segunda-feira que a Comissão Eleitoral Central (CEC) rejeitasse a sua candidatura.

"Não haverá eleições. Putin está muito assustado, teme me enfrentar e me vê como uma ameaça. Ordenou que seus servos da CEC recusem o meu registro", disse Navalny em discurso gravado em vídeo.

O político opositor anunciou "uma greve de eleitores" com o argumento de que nas eleições somente "participarão Putin e aqueles candidatos escolhidos pessoalmente por ele", após Nalvany ter sido excluído da disputa eleitoral por ter antecedentes criminais.

"Não podemos votar. Isso seria apoiar o engano e a corrupção. Eles estão há 18 anos no poder e querem mais seis anos. Vocês acham que eles vão se conformar com isso?", disse o opositor, que se autoproclamou como "o principal rival" de Putin.

Nalvany avertiu que a oposição extraparlamentar "não reconhecerá nem os resultados das eleições nem as autoridades resultantes" desse processo eleitoral.

O opositor e advogado de 41 anos fez esse anúncio depois que a maioria dos integrantes da Comissão Eleitoral Central se negou a registrar a candidatura de Navalny, considerado o único político que pode fazer frente a Putin, especialmente nas grandes cidades.

"Represento um grande número de eleitores. A decisão da CEC de me proibir de participar das eleições exclui milhões de pessoas das eleições e do sistema político. Muitos não reconhecerão os resultados", advertiu.

Navalny compareceu pessoalmente à sede da comissão, à qual acusou de repetir os mesmos erros que a anterior, que em 2011 foi acusada de fraude eleitoral, o que resultou os maiores protestos contra o governo desde o fim da URSS.

"Roubaram milhões de votos. Vocês continuam fazendo o mesmo. Antes com a falsificação e agora porque o resultado eleitoral é conhecido de antemão, uma vez que não permitem que os candidatos participem nas eleições", disse.

O líder da oposição também acusou a comissão de impedir a participação dos candidatos como ele que "denunciam a corrupção" e "não têm medo de criticar o poder".

Nesta mesma semana, Navalny acusou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, de comprar um apartarnento em Paris por 1,7 milhão de euros, acusação que este último tachou de "calúnia".

A CEC argumentou que, segundo a legislação em vigor, não pode ser candidato à presidência russa um cidadão que tenha sido condenado por um crime grave e que tenha antecedentes até o dia da eleição.

Segundo a comissão, esse é o caso de Navalni, que foi condenado em fevereiro passado a cinco anos de prisão por apropriação indébita, o que implica também uma inabilitação por dez anos.

Embora o Tribunal Europeu tenha considerado injusto esse veredicto, o orgão não tem competência para anular as sentenças judiciais nacionais.

Navalny decidiu registrar a candidatura na noite de domingo, após mobilizar mais de 15 mil seus seguidores em diversas cidades russas. Putin advertiu em sua última conferência anual que o opositor quer repetir na Rússia o que aconteceu na Ucrânia em 2014, ou seja, uma revolução como o Maidan e um "golpe de Estado" como o que tirou Viktor Yanukovich.

Segundo os analistas, Putin, de 65 anos e cuja candidatura já recebeu o apoio de dois partidos, o oficialista Rússia Unida e o social-democrata Rússia Justa, será reeleito em março com mais de dois terços dos votos, o que o permitirá permanecer no Kremlin até 2024.