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Autor agradece a Trump por 'ajudar nas vendas' ao tentar proibir publicação de livro-bomba

Capa do livro "Fire and Fury - inside the Trump White House", de Michael Wolff - Henry Holt and Company via AFP
Capa do livro "Fire and Fury - inside the Trump White House", de Michael Wolff Imagem: Henry Holt and Company via AFP

Em Washington

05/01/2018 12h12

O autor do polêmico novo livro sobre Donald Trump agradeceu ironicamente ao presidente dos Estados Unidos por suas críticas ao texto e pela tentativa de seus advogados de impedir sua publicação. Em sua primeira entrevista desde o início das vendas, nesta sexta (5), o jornalista Michael Wolff afirmou que as investidas de Trump contra o livro estão estimulando as vendas da obra, chamada "Fire and Fury" ('Fogo e Fúria').

"Não só está me ajudando a vender livros, está demonstrando que a conclusão do livro é certa", afirmou Wolff à emissora de televisão "NBC News", sobre os testemunhos de pessoas próximas a Trump, relatados no livro, de que o presidente seria um 'idiota'. "É extraordinário que o presidente dos Estados Unidos tente impedir a publicação de um livro", acrescentou.

"Todos [os entrevistados] dizem que [Trump] é como um menino", comentou Wolff. "Dizem que é um imbecil, um idiota. Há uma competição para chegar ao fundo de quem é este homem", acrescentou. "Este homem não lê, não escuta. É como um ''pinball', se movendo para todos os lados."

O jornalista defendeu que tudo o que publicou se ajusta à realidade da Casa Branca, apesar dos desmentidos do governo americano. Ele afirma que respalda "absolutamente" todo o conteúdo e assegurou que "100%" dos assessores de Trump têm uma opinião negativa sobre ele, inclusive sua filha Ivanka e seu genro Jared Kushner".

Wolff também minimizou as críticas que o presidente disparou contra ele. "Está questionando minha credibilidade um homem que neste momento tem menos credibilidade que talvez qualquer outro que tenha pisado a Terra".

O jornalista se declarou "confortável" com tudo o que incluiu no livro, cujo lançamento foi antecipado em quatro dias devido à enorme demanda gerada pelo enfrentamento público entre Trump e seu ex-assessor, Steve Bannon, por causa de algumas declarações deste último no texto.

No entanto, Wolff quis frisar que o livro "não é sobre Steve Bannon, e sim sobre Donald Trump", embora esse ex-assessor seja o "exemplo mais claro" dos que pensaram que o magnata poderia ser um bom presidente e chegaram "à conclusão de que não pode fazer esse trabalho".

Em um tuíte na noite quinta-feira Trump afirmou que o livro está "cheio de mentiras, tergiversações e fontes que não existem" e alegou ter rejeitado inúmeras vezes os pedidos de entrevista de Wolff.

O jornalista disse hoje, no entanto, que falou com Trump para o seu livro, embora talvez o presidente "não tenha se dado conta de que era uma entrevista".