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Cientista russo afirma que Novichok "existiu" e desmente versão de Moscou

20/03/2018 08h57

Moscou, 20 mar (EFE).- O cientista russo Leonid Rink desmentiu nesta terça-feira as autoridades locais que negaram a existência do "Novichok" ao afirmar que participou pessoalmente do desenvolvimento desse agente químico supostamente utilizado no envenenamento no Reino Unido do ex-espião russo Serguei Skripal.

"O Novichok não é uma substância, é todo um sistema de armas químicas", disse Rink em uma entrevista concedida à agência estatal russa "RIA Novosti" que o apresenta como um dos criadores do programa.

Rink descartou que Moscou esteja por trás do envenenamento em 4 de março na cidade inglesa de Salisbury de Skripal e de sua filha, Yulia, apesar das acusações do Governo britânico.

"A Rússia não teve motivos (para envenenar Skripal), isso é claro. Ambas as partes tiraram o máximo proveito da situação", insistiu.

Além disso, o momento foi "muito inoportuno": dias antes das eleições presidenciais na Rússia e às vésperas da Copa do Mundo de Futebol.

Segundo o cientista, o fato de Skripal e sua filha estarem vivos, apesar do estado crítico, só prova que não foram vítimas do "Novichok".

"Por enquanto, todos estão vivos. Isso quer dizer que não foram alvo do sistema "Novichok" ou que este foi empregado de maneira errada", acrescentou.

Rink desmentiu a possibilidade de que o veneno tenha chegado ao Reino Unido na mala de Yulia Skripal porque, recalcou, o "Novichok" tem atuação imediata.

"É uma soberana tolice isso que dizem que o ("Novichok") viajou na mala da filha, porque nesse caso ela nunca teria chegado a Londres", apontou.

A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores russos, Maria Zakharova, rejeitou na semana passada qualquer relação de Moscou com o projeto "Novichok".

"Nunca, nem o território da União Soviética e nem a Rússia, realizaram investigações que tivessem como nome Novichok", afirmou.

A porta-voz apontou o Ocidente como a origem do suposto agente nervoso com o qual foram envenenados o ex-espião e sua filha.

Para Rink, Londres precisamente se nega a entregar a Moscou uma amostra do componente químico porque "em seguida seria revelado que a tecnologia (utilizada em sua fabricação) não foi russa".