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Irã afirma que "supostas revelações" de Netanyahu convêm a Trump

30/04/2018 18h27

Teerã, 1 mai (EFE).- O ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, criticou nesta terça-feira (data local) que as "supostas revelações de inteligência" do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aconteceram pouco antes de Washington decidir se deixa ou não o acordo nuclear.

"Que conveniente", escreveu Zarif na sua conta oficial no Twitter, se referindo ao fato que antes do próximo dia 12 de maio o presidente americano, Donald Trump, se pronunciará sobre o pacto assinado em 2015 entre o Irã e seis grandes potências.

O chefe da diplomacia iraniana reagiu assim às revelações feitas horas antes por Netanyahu sobre um suposto programa armamentista nuclear secreto de Teerã.

"Trump está saltando sobre uma repetição de velhas acusações já tratadas pelo AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para acabar com o pacto", denunciou Zarif.

O presidente americano insinuou hoje que planeja retirar-se do acordo nuclear com o Irã e respaldou a denúncia de Netanyahu.

"O que aprendemos hoje sobre o Irã mostra realmente que eu tinha 100% de razão" sobre o acordo nuclear de 2015, disse Trump em entrevista coletiva hoje na Casa Branca ao lado do presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari.

Zarif ressaltou em seu tweet que as revelações de Netanyahu chegam no "momento adequado" para Trump, a quem criticou por sua impetuosidade" para comemorar o que foi anunciado por seu aliado israelense.

Pouco antes, Zarif destacou em outra mensagem que Netanyahu só pode "enganar algumas pessoas muitas vezes".

O chefe de governo israelense apresentou o que garantiu serem cópias de documentos iranianos originais obtidos pelos serviços de inteligência: 55.000 páginas e arquivos em 183 CDs aos quais se referiu como o "arquivo atômico secreto iraniano" que estaria oculto em um armazém no distrito de Shorabad, no sul de Teerã.

"Sabemos há anos que o Irã tinha um programa nuclear secreto, chamado Projeto Amad, agora podemos demonstrar que este era um programa completo para desenvolver, construir e testar armas nucleares. Também podemos demonstrar que o Irã está guardando em segredo material do Projeto Amad para utilizá-lo quando queira para desenvolver armas nucleares", denunciou Netanyahu.

Tanto Netanyahu como Trump criticaram o acordo nuclear de 2015 e este último está pressionando seus parceiros europeus para negociar um pacto suplementar que imponha mais restrições ao Irã.

Esse novo pacto buscaria bloquear a atividade nuclear de Teerã "no longo prazo" e limitar tanto seu sistema de mísseis balísticos como sua influência na região.

Há dois dias, o presidente iraniano, Hassan Rohani, assegurou que o acordo nuclear "não é negociável" e que o Irã não aceitará nenhuma limitação além dos seus compromissos previstos no pacto.