Presidente do Peru quer reformar Justiça após escândalo de corrupção
Fernando Gimeno.
Lima, 11 jul (EFE).- A corrupção revelada esta semana nas mais altas instâncias do Judiciário do Peru levou o presidente do país, Martín Vizcarra, a anunciar nesta quarta-feira uma reforma integral do sistema de justiça, a primeira grande medida do seu mandato, que ainda não completou 100 dias.
Vizcarra, que chegou ao cargo com a luta anticorrupção como sua principal bandeira, quis dar assim um soco sobre a mesa em um país onde até agora os juízes pareciam estar à margem da corrupção generalizada da sua classe política, com todos seus ex-presidentes indiciados, investigados ou condenados.
O presidente interrompeu a reunião do Conselho de Ministros e compareceu ao Palácio de Governo de Lima para fazer frente a uma crise que ameaça chegar nele mesmo, uma vez que seu nome aparece em algumas das gravações telefônicas divulgadas em meios de comunicação que revelam um suposto tráfico de influência e prevaricação de altos juízes.
Ali, em meio à indignação que percorre o país pela sequência de novos áudios que aparecem a cada dia, Vizcarra antecipou que apresentará o projeto de reforma ao Congresso em 28 de julho, durante seu discurso pelos 197 anos de independência.
O documento será resultado de uma comissão de "honoráveis especialistas na matéria, reconhecidos pela sua trajetória profissional, mas também pela sua ética", destacou Vizcarra.
O governante argumentou sua decisão de abordar a reforma por considerar insuficiente o pedido que ele mesmo fez nesta segunda-feira ao Congresso para que destitua os magistrados implicados no escândalo.
"Resultará insuficiente para resolver o problema de fundo. Podemos trocar aos maus funcionários, mas não avançaremos se as mesmas práticas forem mantidas. Temos que curar a doença", acrescentou.
Além disso, o presidente condenou a "podridão" e destacou que "não há tempo a perder" para mudar a situação, "caia quem cair, custe o que custar".
"Nenhuma força política, nenhum membro da administração judicial nem nenhum peruano de boa vontade pode opor-se a uma reforma do Estado e da Justiça", disse Vizcarra, consciente de que no parlamento necessitará do apoio do fujimorismo, com maioria no plenário.
No entanto, a líder desse partido, Keiko Fujimori, pode ter se reunido com o juiz César Hinostroza, em cuja sala se analisa seu pedido de arquivar uma investigação por suposto financiamento irregular das suas campanhas eleitorais.
Hinostroza é um dos principais protagonistas das gravações divulgadas nos últimos dias pela imprensa peruana e que sugerem severos casos de prevaricação.
Em uma das conversas divulgadas nesta terça-feira, Hinostroza concorda em se reunir com uma "senhora K", da "Força número 1", apelativos dos quais Keiko Fujimori, líder do partido Força Popular, se apressou em se desvincular.
O mesmo juiz Hinostroza ditou uma polêmica sentença que depois permitiu que outra magistrada arquivasse uma investigação sobre o ex-secretário geral do Força Popular, Joaquín Ramírez, por supostamente lavar dinheiro para as campanhas de Fujimori.
Hinostroza também foi grampeado enquanto oferecia uma redução de pena e inclusive uma absolvição para um condenado por estuprar uma menina de 11 anos.
A indignação popular aumenta a cada áudio novo revelado e para nesta quarta-feira foi convocada uma manifestação em Lima por organizações e coletivos civis.
Lima, 11 jul (EFE).- A corrupção revelada esta semana nas mais altas instâncias do Judiciário do Peru levou o presidente do país, Martín Vizcarra, a anunciar nesta quarta-feira uma reforma integral do sistema de justiça, a primeira grande medida do seu mandato, que ainda não completou 100 dias.
Vizcarra, que chegou ao cargo com a luta anticorrupção como sua principal bandeira, quis dar assim um soco sobre a mesa em um país onde até agora os juízes pareciam estar à margem da corrupção generalizada da sua classe política, com todos seus ex-presidentes indiciados, investigados ou condenados.
O presidente interrompeu a reunião do Conselho de Ministros e compareceu ao Palácio de Governo de Lima para fazer frente a uma crise que ameaça chegar nele mesmo, uma vez que seu nome aparece em algumas das gravações telefônicas divulgadas em meios de comunicação que revelam um suposto tráfico de influência e prevaricação de altos juízes.
Ali, em meio à indignação que percorre o país pela sequência de novos áudios que aparecem a cada dia, Vizcarra antecipou que apresentará o projeto de reforma ao Congresso em 28 de julho, durante seu discurso pelos 197 anos de independência.
O documento será resultado de uma comissão de "honoráveis especialistas na matéria, reconhecidos pela sua trajetória profissional, mas também pela sua ética", destacou Vizcarra.
O governante argumentou sua decisão de abordar a reforma por considerar insuficiente o pedido que ele mesmo fez nesta segunda-feira ao Congresso para que destitua os magistrados implicados no escândalo.
"Resultará insuficiente para resolver o problema de fundo. Podemos trocar aos maus funcionários, mas não avançaremos se as mesmas práticas forem mantidas. Temos que curar a doença", acrescentou.
Além disso, o presidente condenou a "podridão" e destacou que "não há tempo a perder" para mudar a situação, "caia quem cair, custe o que custar".
"Nenhuma força política, nenhum membro da administração judicial nem nenhum peruano de boa vontade pode opor-se a uma reforma do Estado e da Justiça", disse Vizcarra, consciente de que no parlamento necessitará do apoio do fujimorismo, com maioria no plenário.
No entanto, a líder desse partido, Keiko Fujimori, pode ter se reunido com o juiz César Hinostroza, em cuja sala se analisa seu pedido de arquivar uma investigação por suposto financiamento irregular das suas campanhas eleitorais.
Hinostroza é um dos principais protagonistas das gravações divulgadas nos últimos dias pela imprensa peruana e que sugerem severos casos de prevaricação.
Em uma das conversas divulgadas nesta terça-feira, Hinostroza concorda em se reunir com uma "senhora K", da "Força número 1", apelativos dos quais Keiko Fujimori, líder do partido Força Popular, se apressou em se desvincular.
O mesmo juiz Hinostroza ditou uma polêmica sentença que depois permitiu que outra magistrada arquivasse uma investigação sobre o ex-secretário geral do Força Popular, Joaquín Ramírez, por supostamente lavar dinheiro para as campanhas de Fujimori.
Hinostroza também foi grampeado enquanto oferecia uma redução de pena e inclusive uma absolvição para um condenado por estuprar uma menina de 11 anos.
A indignação popular aumenta a cada áudio novo revelado e para nesta quarta-feira foi convocada uma manifestação em Lima por organizações e coletivos civis.
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