Líderes do Ginbot 7, maior grupo opositor no exílio, retornam à Etiópia

Adis Abeba, 9 set (EFE).- Os principais líderes do maior grupo armado de oposição etíope, a Frente Patriótica Ginbot 7 pela Justiça, a Liberdade e a Democracia (Ginbot 7), retornaram neste domingo à Etiópia depois de anos no exílio.

Mais de 30 líderes do Ginbot 7 assentados na Europa, EUA e Eritréia chegaram mesta manhã ao aeroporto internacional de Adis Abeba em diferentes voos, sendo recebidos como heróis por parte de dezenas de milhares de etíopes divididos pela estrada que liga o local ao centro da cidade.

Altos funcionários governamentais deram pessoalmente as boas-vindas ao fundador e presidente do grupo, Berhanu Nega, assim como seu cofundador e secretário-geral, Andargachew Tsigie.

Berhanu, que deixou a Etiópia há 11 anos depois de passar vários preso, residia nos Estados Unidos, enquanto Andargachew se exilou no Reino Unido.

"Trata-se de uma tentativa séria de democratizar a Etiópia, é um forte compromisso para mudar e reformar a Etiópia", declarou Berhanu perante os jornalistas com relação às últimas mudanças políticas no país.

"No entanto, ainda não estamos totalmente democratizados, é por isso que estamos aqui e a razão pela qual voltamos para casa", acrescentou.

Os combatentes do Ginbot 7 tinham sua base na Eritréia, desde onde livraram uma longa guerra de quase uma década com o propósito de derrubar o Governo etíope.

Porém, a partir de abril de 2018, com a chegada ao poder do primeiro-ministro Abiy Ahmed, as relações entre ambas as partes melhoraram, e o líder chegou a conceder uma anistia a vários membros da oposição que cumpriam penas de prisão.

Em junho, o Ginbot 7 deixou de ser considerado uma organização terrorista por parte do Governo etíope, ao qual o grupo respondeu suspendendo todos seus movimentos encobertos e exigências e assinando um acordo de paz.

Recentemente, o Ginbot 7 anunciou que está fechando sua base na Eritréia e enviando seus soldados à Etiópia em diferentes unidades há mais de uma semana.

"Se a luta é pela democracia, ainda não terminou, mas podemos fazer pacificamente através da discussão", expressou hoje Berhanu.

O líder do grupo também mostrou seu desejo de que os etíopes não tenham que pegar em armas para que seja respeitada a liberdade e seus direitos.

"É por isso que estamos aqui; seguiremos lutando com o raciocínio e a discussão", concluiu.

A nomeação como novo primeiro-ministro de Abiy, um jovem político reformista oromo que fala inglês e as três principais línguas regionais do país - oromo, ahmara e tigriya -, procura inaugurar uma época mais democrática e de maiores liberdades na Etiópia, como ele mesmo assegurou em várias ocasiões.

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