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UE criará canal para facilitar negócios com o Irã após as sanções dos EUA

25/09/2018 00h38

Nações Unidas, 24 set (EFE).- A União Europeia (UE) criará uma entidade especial para facilitar os negócios com Irã e evitar, desta forma, as sanções impostas pelos Estados Unidos após sua saída do acordo nuclear com Teerã.

A medida foi anunciada nesta segunda-feira pela alta representante da UE para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini, após uma reunião entre o Irã e as cinco potências que seguem apoiando o pacto (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).

Os ministros das Relações Exteriores desses países e também do Irã reiteraram na reunião, realizada à margem da Assembleia Geral da ONU, sua vontade de continuar implementando o acordo, apesar da retirada dos EUA.

Em uma declaração conjunta lida por Federica Mogherini e pelo chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, os participantes da reunião lembraram que Teerã mostrou que segue cumprindo com sua parte do acordo nuclear.

Nesse sentido, as potências deixaram claro que trabalharão para impulsionar "negócios legítimos" com o Irã, como tinha sido fixado no pacto e discutiram "soluções práticas" para a retirada "unilateral" dos EUA e a reimposição de sanções por Washington que foram levantadas com o acordo selado em 2015.

"Conscientes da urgência e necessidade de resultados tangíveis, os participantes deram as boas-vindas a propostas concretas para manter e desenvolver canais de pagamento, notavelmente a iniciativa para estabelecer um veículo especial para facilitar os pagamentos ligados às exportações iranianas, incluindo o petróleo, e suas importações", disseram no texto.

Federica Mogherini explicou que, por parte da UE, a decisão de criar esse canal de pagamentos "está tomada" e vai avançar em reuniões técnicas durante os próximos dias.

O mecanismo facilitará as transações com Irã e permitirá que as empresas europeias continuem seu comércio com Teerã de acordo as regras da UE, detalhou.

A entidade, acrescentou, também poderia estar aberta a outros parceiros internacionais que desejem utilizá-la.

Nos últimos meses, Bruxelas já tinha tomado algumas medidas para proteger as empresas europeias das sanções dos EUA contra o Irã e permitir que continuem fazendo negócios lá.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu este ano retirar seu país do acordo nuclear e reimpor uma série de sanções que tinham sido eliminadas e que podiam afetar empresas de outros países que negociassem com Teerã.

A priori, a medida anunciada hoje pelos Vinte e Oito representa um golpe para as tentativas de Trump de isolar economicamente o Irã.