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Líder opositor se autoproclama presidente legítimo do Zimbábue

27/10/2018 15h47

Harare, 27 out (EFE).- O opositor Movimento pela Mudança Democrática (MDC) declarou neste sábado seu líder, Nelson Chamisa, como presidente legítimo do Zimbábue e reivindicou a saída do atual chefe de Estado, Emmerson Mnangagwa, segundo informaram meios de comunicação locais.

O MDC, que rejeita que Mnangagwa tenha sido o vencedor das eleições realizadas no final do último mês de julho, reuniu hoje milhares de apoiadores para celebrar o 19º aniversário do partido, em um estádio ao sudoeste de Harare.

Nesse evento, a legenda opositora encenou a proclamação de Chamisa como presidente legítimo.

"Olhando para frente, a primeira coisa que necessitamos é o retorno à legitimidade", declarou o dirigente em discurso diante da multidão, segundo informou o portal "Open Parly".

"Estamos morrendo de fome neste país, mas vamos assentar a base para a mudança", prometeu Chamisa, em referência à atual crise econômica que assola o Zimbábue.

No ato, Chamisa soltou 19 pombas pela paz e acendeu uma tocha pela democracia.

A "autoposse" estava inicialmente prevista para setembro, mas um surto de cólera no país levou o MDC a adiá-la.

A polícia tinha imposto fortes restrições para a realização do evento hoje e o governo tinha advertido que apenas o presidente do Tribunal Supremo pode tomar o juramento de um chefe de Estado.

Em consequência, tinha ameaçado deter o líder do MDC caso se autoproclamasse chefe de Estado, mesmo que simbolicamente.

O ato de hoje coincide com a piora da crise econômica do país, com escassez de bens básicos como pão e açúcar, pela qual Chamisa culpa Mnangagwa.

Segundo os resultados oficiais divulgados pela Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC), Mnangagwa obteve 50,6% dos votos nas eleições, enquanto Chamisa somou 44,3%, número que este último rejeita e considera equivocado.

Os pleitos foram os primeiros sem Robert Mugabe, que governou o país africano com mão de ferro durante quase quatro décadas até ser forçado a renunciar por um levante militar em novembro do ano passado.

Mnangagwa lhe substituiu na presidência desde então e estas eleições foram a vitrine, nacional e internacional, para legitimar seu poder.

Após a votação, houve violentos protestos impulsionados pelos apoiadores de Chamisa sob acusações de fraude eleitoral que resultaram na morte de pelo menos seis pessoas quando a polícia e o Exército reprimiram os manifestantes.