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Cuba diz que EUA não podem falar de direitos humanos enquanto houver embargo

11/12/2018 13h31

Havana, 11 dez (EFE).- Enquanto existir embargo contra Cuba, os Estados Unidos "não têm moral" para falar sobre direitos humanos, disse nesta terça-feira o presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, que tachou o discurso de Washington de "hipócrita".

Díaz-Canel reagiu no Twitter a uma carta enviada ontem pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ao chanceler cubano Bruno Rodríguez, na qual pedia explicações "substanciais" sobre a contínua detenção de oito "presos políticos" no país caribenho.

"Os EUA não têm moral para falar de direitos humanos. Seu discurso é hipócrita, desonesto, de dois pesos e duas medidas. Alguém conhece uma violação mais cruel, prolongada e maciça dos direitos humanos que o bloqueio econômico, financeiro e comercial a Cuba?", escreveu o presidente cubano na rede social junto com a 'hashtag' #CubanosConDerechos.

Em sua carta, Pompeo lembrou o suposto compromisso formulado durante uma entrevista coletiva em março de 2016 em Havana pelo então presidente de Cuba, Raúl Castro, que afirmou diante do ex-presidente Barack Obama que se os EUA apresentassem uma lista de "presos políticos", estes seriam libertados naquela mesma noite.

Sobre essa ideia, Mike Pompeo ofereceu uma "lista ilustrativa de presos políticos em Cuba" com oito nomes, entre eles o da "Dama de Branco", Martha Sánchez, que segundo o governo americano foi condenada a cinco anos de prisão por três crimes: desacato, desobediência e danos.

Para Havana, "o governo dos Estados Unidos age desonestamente quando mostra preocupação com a situação dos direitos humanos em Cuba ou em qualquer lugar", afirmou o diretor para os Estados Unidos do Ministério das Relações Exteriores cubano, Carlos Fernández de Cossío.

O diplomata acrescentou que "se os Estados Unidos estivessem verdadeiramente interessados nos direitos humanos dos cubanos, não imporiam um bloqueio econômico criminoso que castiga toda a nação, nem colocariam obstáculos crescentes à emigração ordenada, nem aos serviços consulares dos quais dependem dezenas de milhares de cubanos".

Além da carta de Pompeo, os EUA anunciaram ontem o fechamento permanente de seu escritório para assuntos migratórios em Havana e informou que a tramitação de vistos e de outras permissões para quem vive em Cuba será realizada em seu consulado no México.

A emissão da maior parte dos vistos da embaixada americana em Havana já estava suspensa desde novembro de 2017 devido à redução de 60% de seu pessoal na capital cubana, uma medida que foi tomada depois dos supostos "ataques" contra a saúde de 26 funcionários da sede diplomática.

Esses enigmáticos incidentes de saúde, sofridos por diplomatas americanos em Cuba entre novembro de 2016 e agosto de 2017 e que ainda não têm uma explicação oficial, provocaram uma deterioração na frágil relação entre os dois países, que retomaram os laços diplomáticos em 2015 após mais de meio século de inimizade.