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Ex-militar que solicitou asilo nos EUA foi deportado e está detido em Caracas

11/12/2018 18h25

Miami, 11 dez (EFE).- A organização Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex) manifestou nesta terça-feira sua preocupação com o ex-militar venezuelano Helegner Tijera Morena, que foi deportado na sexta-feira passada dos Estados Unidos e detido logo após chegar a Caracas.

"Tememos que possa estar sendo torturado nos calabouços da contrainteligência militar", disse à Agência Efe o presidente da Veppex, José Antonio Colina, que também pertenceu à Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e conta com status de refugiado político nos EUA.

Segundo Colina, a Veppex, organização com sede em Miami, está preocupada porque há outros muitos venezuelanos, ex-militares entre eles, aos quais as autoridades migratórias estão tentando deportar nos últimos dias.

De acordo com Colina, atuar assim com venezuelanos que fugiram aos EUA é uma contradição com a política do governo de Donald Trump para o regime de Nicolás Maduro.

"Há casos de venezuelanos que estavam presos administrativamente, com licenças de trabalho e apenas a obrigação de apresentar-se uma vez ao ano diante das autoridades, que agora estão sendo revisados", indicou.

Helegner Tijera Morena, de 39 anos, que em sua chegada aos EUA em setembro de 2016 pediu asilo político, que lhe foi negado por um juiz em primeira instância, esteve recluso em um centro de detenção para imigrantes em Otero, no Novo México, onde permaneceu até sua deportação.

Em uma conversa telefônica com a Efe no último mês de agosto, Tijera Morena ressaltou que ainda não tinha perdido a esperança de receber notícias positivas de um tribunal federal de Denver (Colorado) ao qual apresentou recursos contra duas decisões judiciais de negação de asilo, mas se equivocava ao fazer isso.

Voltar à Venezuela era "um grande risco" para ele, já que desertou da FANB e, além disso, quando fazia parte das suas fileiras, foi acusado de "militância política" por seus superiores, segundo tinha alegado no processo para obter asilo.

Colina escreveu em agosto ao Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) dos EUA para pedir que não deportasse um ex-militar venezuelano "opositor" como Tijera Morena porque seria como declará-lo "condenado à morte".

"Se (Tijera Moreno) fosse deportado para a Venezuela, sofreria as torturas e os tratamentos degradantes que o regime de Nicolás Maduro dirige aos presos políticos que estão sob a sua custódia", disse o líder da Veppex em carta dirigida a Ronald D. Vitiello, chefe do ICE.

A deportação de venezuelanos dos EUA aumentou 36% entre 2016 e 2017 e em agosto, faltando dois meses para o final do ano fiscal 2018, já tinham sido deportadas 258 pessoas dessa nacionalidade, segundo números do Departamento de Segurança Nacional (DHS) citadas pela imprensa de Miami.