Guerra de Trump contra imigração e eleições legislativas marcam 2018 nos EUA
Rafael Salido
Washington, 20 dez (EFE).- Em um 2018 marcado pelas eleições legislativas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, evidenciou sua cruzada contra a imigração com tweets, decretos e desdobramentos de tropas e deu de cara com a oposição de tribunais, governos estaduais e, inclusive, com militares.
Ciente de que o discurso de medo nas eleições presidenciais de 2016 o levou à Casa Branca, Trump adotou em seu segundo ano de mandato um tom mais virulento contra os que querem viver em território americano.
Estes ataques tiveram um alvo preferido - os latino-americanos - e um cenário bem definido: a fronteira com o México.
Trump começou o ano da mesma maneira que acabou 2017, ao ameaçar uma paralisação de governo se o Congresso não financiasse o muro na fronteira, que, com o passar do tempo, está se transformando em uma das grandes promessas descumpridas de sua campanha presidencial.
Diante do imbróglio nas duas câmaras, Trump acabou aprovando um orçamento que contemplava uma verba de US$ 1,6 bilhão para iniciar a construção do muro, muito longe dos US$ 25 bilhões que tinha pedido ao Legislativo.
Trump optou por adotar outro tipo de medida que serviu para dissuadir os imigrantes - aos quais se referiu em várias ocasiões como "gente má" - que ele alega que vêm semear o caos no país.
A primeira destas medidas foi a chamada política de "tolerância zero", que consistia em separar pais e filhos na fronteira.
Esta decisão, que foi adotada por decreto, gerou uma considerável reação de repulsa por parte de várias organizações civis, como a União Americana de Liberdades Civis (ACLU, em inglês), que chegou a rotular a legislação como "culminação da irracionalidade" e a denunciou aos tribunais.
Por fim, depois de ter separado 2.667 menores de seus progenitores, uma Corte de San Diego ordenou ao governo a reunificação das famílias em um prazo de 30 dias.
Após este fracasso legislativo e diante da impossibilidade de construir o muro, o governo ordenou em abril o envio de membros da Guarda Nacional no sul do país para proteger a fronteira.
Esta medida recebeu oposição de vários governos estaduais, que são os que em última instância devem solicitar - e financiar - o envio dos reservistas, e com isso Trump voltou a sofrer um novo revés em sua política migratória.
Cansado dos impedimentos e incomodado pelo avanço de várias caravanas de migrantes procedentes da América Central a poucos dias da realização das eleições legislativas de 6 de novembro, o presidente ordenou em outubro o envio de mais de 5 mil soldados regulares ao longo da fronteira com o México.
Diante do rebuliço causado por essa decisão e pelas palavras de Trump, que insinuou que as tropas poderiam abrir fogo caso fossem atacadas com pedras, o Pentágono esclareceu que a única missão delas era prestar apoio logístico ao Departamento de Segurança Nacional (DHS, em inglês).
Apesar da constante divulgação de imagens de militares reforçando o muro que separa os países em alguns trechos da fronteira, a chegada de milhares de migrantes a Tijuana fez a Casa Branca temer a opção de alguns de atravessarem ilegalmente a fronteira para pedir asilo.
Começaram então as pressões de Trump via Twitter, ameaçando o governo do México com o fechamento da fronteira, e voltaram as ordens executivas, como a proibição por decreto da solicitação de asilo para quem não apresentasse seu caso nos postos alfandegários.
Mais uma vez, os tribunais reagiram e bloquearam a medida.
As eleições foram realizadas, os republicanos perderam a maioria na Câmara de Representantes, mas mantiveram o controle do Senado, e o tema imigração continua em voga no país. EFE
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