Putin acusa Kiev de ter enviado marujos ao Mar Negro "para morrer"
Moscou, 20 dez (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que o Governo ucraniano queria que alguns dos 24 marujos capturados em 25 de novembro no incidente com a Rússia no Mar Negro "morressem" para se aproveitar da situação.
"Quanto ao destino dos marujos, estes foram enviados para morrer" no incidente marítimo, afirmou o líder na entrevista coletiva anual na qual faz o balanço do ano.
"Os círculos de poder não estão satisfeitos, porque queriam que alguém morresse" no confronto, quando a Guarda Costeira russa disparou contra três navios ucranianos e impediu a passagem pelo estreito de Kerch, que une o Mar Negro e o Mar de Azov.
Putin voltou a qualificar o incidente de "provocação" por parte de Kiev e o atribuiu a interesses "eleitorais" por parte do presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, que previsivelmente será candidato para renovar seu mandato nas eleições de março.
"Eles têm eleições e necessitam escalar a situação, a fim de impulsionar (...) o presidente atual. Mas isso prejudica os interesses das pessoas e do Estado" ucraniano, afirmou Putin.
O presidente russo disse que "talvez tenha tido sucesso" a suposta estratégia de Poroshenko para melhorar o apoio à sua pessoa, dado que "o apoio a ele subiu" nas pesquisas, nas quais estava na quinta posição antes do incidente e agora se situa na terceira, com 12%.
A melhor avaliada por enquanto é a ex- primeira-ministra ucraniana, Yulia Timoshenko, com mais de 20% do apoios, recalcou Putin.
"Vendo as pesquisas suponho que (Poroshenko) teve sucesso, mas também sacrificou o interesse de seu país", sustentou o líder russo.
A Rússia acusou os 24 marujos de cruzamento ilegal da sua fronteira, porque afirma que as embarcações se dirigiram diretamente para a Ponte de Kerch, que considera em suas águas e que une a península da Crimeia - anexada em 2014 - com a península russa.
Kiev considera a resposta russa uma agressão e mantém que informou com o devido adiantamento sobre o cruzamento e que a Guarda Costeira russa disparou contra os marujos quando fazia várias horas que tinham abandonado a zona do estreito de Kerch e navegavam com destino ao porto de origem, Odessa, no Mar Negro.
Sobre o destino dos 24 marujos, que Kiev considera prisioneiros de guerra, Putin disse hoje que uma eventual troca de presos como o sugeriu a Ucrânia só poderá ser abordada uma vez tenha terminado o processo penal na Rússia contra eles.
Putin também disse que as relações com a Ucrânia não melhorarão enquanto houver "nos corredores do poder em Kiev russófobos que não compreendem os interesses de suas próprias pessoas".
"Enquanto estes continuarem, esta situação anormal seguirá, independentemente de quem estiver no cargo no Kremlin", disse Putin sobre uma suposta melhoria nas relações bilaterais uma vez que ele deixar a presidência. EFE
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