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HRW diz que Bolsonaro na presidência representa risco aos direitos humanos

17/01/2019 07h32

Berlim, 17 jan (EFE).- A ONG Human Rights Watch (HRW) criticou em seu relatório anual divulgado nesta quinta-feira a situação dos direitos humanos no Brasil, Venezuela, México e Nicarágua, e afirmou que o mundo vive "tempos difíceis", embora a "resistência" esteja "ganhando força" nas instituições e na rua, especialmente na América Latina.

O diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, disse em entrevista à Agência Efe que o autoritarismo não está contando toda a história e que no subcontinente foram registradas "importantes notícias" no ano passado, como a condenação ao "desastre" da Venezuela, defendida pelo Grupo de Lima.

Roth chamou de "avanço" a atuação destes atores "incomuns" que, "talvez" pela ausência dos Estados Unidos, se atreveram a levar a questão das violações dos direitos humanos na Venezuela e Nicarágua para a arena internacional e conseguiram avançar em suas sentenças.

Segundo Roth, o Brasil é um dos países latino-americanos que mais preocupam. O relatório apresentado em Berlim (Alemanha) denuncia o grande risco que representa a chegada de Jair Bolsonaro à presidência, que defendeu "a tortura e outras práticas abusivas e fez declarações abertamente racistas, homofóbicas e misóginas".

Apesar disso, acrescenta Roth, o "Trump do Brasil" também poderá se deparar com a "resistência" que o presidente dos Estados Unidos enfrenta em seu país, já que a nação sul-americana é uma "democracia forte" com Justiça "independente" e uma sociedade civil consolidada.

No ano passado, diz o documento da ONG, "a violência alcançou um novo recorde" no Brasil, com 64 mil homicídios, a "violência doméstica" continuou sendo habitual e aconteceram casos de "ataques xenófobos graves" contra migrantes venezuelanos.

O relatório também dedica um espaço importante para a Venezuela - começando pela foto da capa com opositores segurando velas em uma vigília - e lamenta o "enorme custo humano" de manter um autocrata no poder, resultando em "hiperinflação e devastação econômica", bem como a falta de alimentos e medicamentos, fazendo com que "milhões de pessoas fugissem do país".

"As crises políticas, econômicas, humanitárias e de direitos humanos na Venezuela se combinam para incentivar os venezuelanos a saírem e impossibilitam seu retorno. Alguns podem obter status de refugiados, outros não, mas enfrentarão sérias dificuldades caso retornem à Venezuela e necessitam urgentemente de assistência humanitária", afirma o documento.

O governo do presidente Nicolás Maduro tem reprimido a oposição política e o ativismo civil há anos, acabando com a separação de poderes, reprimindo violentamente os protestos, aprisionando opositores e julgando civis em tribunais militares, acrescentou a HRW.

Já o México, por sua vez, é uma "catástrofe dos direitos humanos", descreve o relatório da HRW, apontando a "extrema violência do crime organizado" e os "abusos generalizados do exército, da polícia e promotoria", que continuam praticando "assassinatos extrajudicial, desaparecimentos forçados e tortura" de forma impune. EFE