Príncipe herdeiro saudita falou em "usar uma bala" contra jornalista assassinado em outubro, diz NYT
O príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, afirmou em uma conversa que teve em 2017 que usaria "uma bala" contra o jornalista Jamal Khashoggi, se este não voltasse ao país e deixasse de criticar as autoridades da Arábia Saudita, informou na quinta-feira (7) o jornal "The New York Times".
Esta informação foi revelada horas depois que a relatora da ONU sobre a tortura, Agnes Callamard, assegurasse em Genebra que Khashoggi, colunista do jornal "The Washington Post", foi vítima de "um assassinato brutal e premeditado" que foi "planejado e cometido por funcionários da Arábia Saudita".
O jornalista foi assassinado por agentes sauditas, no dia 2 de outubro de 2018, dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia.
O "NYT", que cita ex-autoridades americanas e funcionários estrangeiros familiarizados dos relatórios de inteligência, assegura que agências de espionagem dos EUA interceptaram conversas do príncipe herdeiro.
Segundo estas fontes, em setembro de 2017, Bin Salman tratou com um assessor identificado como Turki Aldajil a situação de Khashoggi, que já vinha preocupando as autoridades do regime pelas suas crescentes críticas.
Na conversa, o príncipe disse que se ele não conseguiu convencer o jornalista a voltar para a Arábia Saudita havia que levá-lo outra vez à força, sempre de acordo com o "New York Times".
Bin Salman continuou assegurando que se, não retornasse mediante algum destes dois métodos, ele pessoalmente iria atras de Khashogi "com uma bala".
De acordo com analistas de inteligência não identificados citados pelo jornal, a frase Bin Salman não seria interpretada ao pé da letra, mas como "uma metáfora para enfatizar sua intenção de matar o jornalista se ele não voltasse para a Arábia Saudita".
A publicação desta informação coincide com a visita do ministro das Relações Exteriores sauditas, Adel al-Jubeir, aos Estados Unidos, onde se reuniu com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
Durante a sua reunião, ambos destacaram a importância de continuar com a investigação sobre o assassinato do jornalista saudita de maneira "crível e transparente".
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