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Autoproclamação de Guaidó completa 1 mês com aumento de tensão na fronteira

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, durante um protesto contra o presidente Nicolás Maduro em Caracas - CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, durante um protesto contra o presidente Nicolás Maduro em Caracas Imagem: CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS

Laura Núñez

22/02/2019 17h31

O líder do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, completa neste sábado um mês como autoproclamado presidente em exercício do país, por considerar que Nicolás Maduro "usurpa" a presidência, em um momento de especial tensão após o fechamento da fronteira do país com Brasil.

A crise na Venezuela se agravou há três anos devido aos protestos opositores pela falta de comida e medicamentos e uma inflação que aumenta a cada dia, o que fez com que milhares de venezuelanos deixassem seu país na busca de uma vida melhor.

Estes são os pontos-chave do primeiro mês de Guaidó, depois de ter declarado que assumiu as competências do Executivo ao invocar os artigos 233, 333 e 350 da Constituição venezuelana:

  • No 61º aniversário do golpe de Estado que pôs fim à ditadura do general Marcos Pérez Jiménez, Guaidó, diante de uma multidão de simpatizantes, disse: "Hoje, 23 de janeiro de 2019, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional, invocando os artigos da Constituição (...), juro assumir formalmente as competências do Executivo Nacional como presidente em exercício da Venezuela".
  • Momentos depois, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu "oficialmente" Guaidó como o presidente interino da Venezuela, ao que se uniram em seguida o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e os governos de Brasil, Colômbia, Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru.
  • Mais prudentes foram os países europeus que deram um ultimato ao governo de Maduro para que convocasse eleições presidenciais ou, caso contrário, reconheceriam Guaidó como presidente interino, o que finalmente aconteceu.
  • Os EUA e o chamado Grupo de Lima anteciparam várias iniciativas para apoiar Guaidó, inclusive aceitando os designados pelo parlamento venezuelano, de maioria opositora, como representantes diplomáticos nos seus países, em detrimento dos delegados de Nicolás Maduro.
  • Os EUA aplicaram várias sanções econômicas além do petróleo, congelando bens e contas das figuras mais próximas ao chavismo, incluindo o próprio Nicolás Maduro, e retirando os seus vistos.
  • Os EUA congelaram os ativos da CITGO Petroleum Corporation, filial nos EUA da estatal venezuelana PDVSA, e ameaçaram impor sanções aos países que comercializem ouro com o regime de Maduro. A União Europeia fez o mesmo no campo econômico.
  • Outros países mantiveram uma posição mais neutra e advogaram pelo diálogo e por uma "saída venezuelana" à crise. É o caso do Mecanismo de Montevidéu, proposto por Uruguai, México e pela Comunidade do Caribe, que trabalha para "enviar três personalidades internacionais" à Venezuela para encontrar uma "saída em paz".
  • A União Europeia também prepara uma missão técnica para que viaje a Caracas para dialogar com todas as partes e apoiar a convocação de eleições presidenciais transparentes.
  • Por sua parte, o parlamento segue estabelecendo medidas para realizar uma transição após uma provável saída de Maduro, entre as quais está a reforma ao sistema eleitoral para convocar novas eleições presidenciais no menor prazo possível.
  • Em um mês, Guaidó arrecadou mais de US$ 100 milhões para combater a crise no seu país, além da ajuda humanitária, na forma de alimentos e remédios, que está sendo armazenada em três países fronteiriços: Colômbia, Brasil e Curaçau.
  • Desde a autoproclamação de Guaidó, o governo de Maduro também endureceu suas políticas, acusou EUA e Colômbia de estarem por trás de um golpe de Estado e negou a entrada da ajuda humanitária, que vê como fachada para uma intervenção.
  • Maduro já rompeu relações com os EUA, avalia suspendê-las com outros países e, por último, fechou a fronteira com o Brasil e bloqueou um das passagens fronteiriças com a Colômbia para não permitir o ingresso da ajuda.
  • Nesta sexta-feira acontece na fronteira colombiana o show Venezuela Aid Live, promovido pelo empresário britânico Richard Branson, com o qual busca arrecadar US$ 100 milhões em 60 dias, e para o qual é esperada a presença de pelo menos 250.000 pessoas para assistir as apresentações de 32 artistas de vários países.
  • Em resposta, o chavismo também convocou uma série de shows de hoje até domingo no lado venezuelano da ponte Tienditas e Maduro anunciou que levaria comida, remédios e médicos especialistas para ajudar as pessoas da cidade colombiana de Cúcuta, que segundo ele são as que estão passando por verdadeiras dificuldades.