ONU pede inovação em prol da igualdade de gênero
Mario Villar.
Nações Unidas, 8 mar (EFE).- A ONU ressaltou nesta sexta-feira que é preciso colocar a inovação a serviço da igualdade de gênero, reforçando a presença feminina na ciência e na tecnologia e pensando nas necessidades das mulheres ao desenvolver novos projetos.
Sob o lema "Pensemos em igualdade, construamos com inteligência, inovemos para a mudança", as Nações Unidas lembraram o Dia Internacional da Mulher com uma mensagem focada em como a inovação pode acelerar o progresso para a igualdade.
"Temos que encontrar formas de reimaginar e reconstruir o nosso mundo para que funcione para todos", ressaltou o secretário-geral da organização, António Guterres, em ato organizado em Nova York.
Guterres lembrou que a maior parte da infraestrutura e dos sistemas atuais foram pensados em uma cultura dominada pelos homens e, frequentemente, ignoram as necessidades específicas de mulheres e meninas.
"As mulheres e as meninas precisam ter oportunidades de contribuir para a mudança real, assim como de configurar as políticas, os serviços e a infraestrutura que impactam as suas vidas", afirmou a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.
Para as Nações Unidas, uma maior participação feminina no âmbito da inovação é crucial para o avanço rumo à igualdade, sobretudo em um momento no qual as novas tecnologias estão transformando realidades no mundo todo.
"A inovação e a tecnologia são um reflexo das pessoas que projetam e acreditem", enfatizou a representante da agência.
A ONU Mulheres aponta, por exemplo, para as possibilidades abertas pelos smartphones para as mulheres que vivem em zonas rurais e pelos drones, que podem resolver muitos problemas em áreas isoladas.
"Viver em um lugar afastado não precisa mais significar um problema de exclusão quando já é possível fazer transferências de dinheiro de dispositivos móveis e pagamentos digitais que podem garantir ajudas sociais inclusive às residências mais remotas. A ausência de estradas não significa que a medicação capaz de salvar vidas não chegará aos que a necessitam", explicou Mlambo-Ngcuka.
Neste 8 de março, a ONU deu protagonismo a mulheres inovadoras nos âmbitos social e tecnológico, entre elas a astronauta veterana Ellen Ochoa - a primeira latina a viajar para o espaço - e à diretora de Marketing do Google, Lorena Twohill.
Além de assegurar que as mulheres possam criar e contribuir para o desenvolvimento e o uso de novas tecnologias, as Nações Unidas também insistem na necessidade de que possam elaborar políticas públicas que afetam toda a população.
"Pode se tratar de planejamento urbano para garantir a segurança das pessoas que caminham ou se deslocam com medidas simples como uma melhor iluminação e calçadas que levem em conta dados coletados coletivamente sobre zonas mais suscetíveis a incidentes de assédio e ataques", explicou Mlambo-Ngcuka.
O problema da falta de mulheres nos postos de tomada de decisão é prioritário para a presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa, que apenas a quarta mulher a ocupa esse cargo em toda a história da instituição.
"As mulheres ainda estão enormemente sub-representadas nos postos de liderança no mundo e chegou a hora de mudar isso", afirmou em entrevista coletiva.
Espinosa organizou para 12 de março uma reunião de líderes mulheres, que contará com as presidentes da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic; da Estônia, Kersti Kaljulaid; da Lituânia, Dalia Grybauskaite; do Nepal, Bidhya Devi Bhandari; e de Trinidad e Tobago, Paula-Mae Weekes, junto a outras vice-presidentes e ministras.
Para as Nações Unidas, as mudanças a favor da igualdade têm que ser "rápidas e radicais", sobretudo em um momento no qual ocorre uma reação do patriarcado aos avanços das últimas décadas.
"As agendas nacionalistas, populistas e de austeridade aumentam a desigualdade com políticas que limitam os direitos das mulheres e reduzem serviços sociais. Não podemos ceder um espaço que foi conquistado durante décadas", alertou Guterres. EFE
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