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Bolsonaro discutirá Tratado de Itaipu diretamente com presidente do Paraguai

12/03/2019 20h12

Assunção, 12 mar (EFE).- A renegociação do Tratado de Itaipu, que regula a gestão da usina hidrelétrica compartilhada entre Brasil e Paraguai, será realizada pessoalmente entre os presidentes de ambos países, segundo informou o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Luis Alberto Castiglioni.

O chanceler paraguaio confirmou a informação à imprensa de seu país na chegada ao aeroporto internacional Silvio Pettirossi de Assunção, após voltar de Brasília, onde participou hoje da visita de Estado do presidente Mario Abdo Benítez, que foi recebido com honras por Jair Bolsonaro.

A renegociação do Anexo C de tal tratado, que vence em 2023, foi um dos principais temas abordados por ambos líderes na capital federal e, segundo Castiglioni, ambos decidiram que as conversas "aconteçam entre as altas esferas, entre presidentes e chancelarias".

O Anexo C obriga o Paraguai a vender ao Brasil, e a preço de custo, o 50% excedente da energia gerada que lhe corresponde e, a esse respeito, o ministro afirmou que a delegação paraguaia retornou de Brasília "com a convicção de que a renegociação tem que fazer justiça para os dois lados".

Com esse objetivo, o Paraguai preparou uma equipe de especialistas que terá entre seus assessores o economista americano Jeffrey Sachs, e nesta terça-feira foi instaurada a comissão especial de Renegociação do Tratado de Itaipu no Senado paraguaio, que será a encarregada do estudo, acompanhamento e controle das negociações e, na qual os senadores-membros poderão fazer propostas referentes à questão.

Tais propostas serão remetidas às autoridades paraguaias da Entidade Binacional que deverão responder sobre as mesmas na própria comissão, segundo um comunicado do Senado.

Castiglioni também se referiu a outro dos principais temas abordados na reunião bilateral: a revogação do status de refugiados que o Brasil concedeu a três cidadãos paraguaios solicitados para extradição pelo sequestro da esposa de um empresário em 2001.

Trata-se de Juan Arrom, Anuncio Martí e Víctor Colmán, ex-dirigentes do esquerdista Partido Pátria Livre.

Embora Castiglioni tenha reconhecido que a decisão depende do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), garantiu que "a última palavra é do ministro de Justiça", razão pela qual "temos muitas esperanças, agora fundadas, de que vai suspender o status".

Além disso, elogiou as palavras de Bolsonaro, que assegurou a Abdo Benñitez que o Brasil "não dará asilo a terroristas ou a qualquer outro bandido preso ou refugiado político".

Os dois presidentes ainda combinaram de encontrar-se outra vez este mesmo ano, mas na região fronteiriça e, como disse Abdo Benítez, "dar o passo inicial" nas obras de uma das novas pontes que serão construídas na fronteira entre ambos países. EFE