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Crítica de Duterte, jornalista Maria Ressa é presa pela 2ª vez nas Filipinas

28/03/2019 22h40

Manila, 29 mar (EFE).- A jornalista filipina Maria Ressa, uma das principais críticas do presidente de seu país, Rodrigo Duterte, foi presa nesta sexta-feira após pousar no aeroporto de Manila, acusada de violar as leis de nacionalização dos veículos de imprensa.

"Eu queria pagar a fiança, mas me entregaram a ordem de prisão", afirmou Ressa a jornalistas que estavam no aeroporto enquanto dois policiais a escoltavam para uma viatura.

O vídeo da segunda prisão da jornalista foi divulgado pelo site "Rappler", comandado por Ressa. Escolhida como Pessoa do Ano pela revista americana "Time" em 2018, ela disse que queria ser levada ao tribunal de Pasig para pagar a fiança de 90 mil pesos (US$ 1,7 mil). Por esse motivo, Ressa deve ser libertada nas próximas horas.

O promotor do tribunal de Pasig processou nesta semana os sete filipinos que faziam parte da direção do "Rappler" em 2016, entre eles Ressa e a atual editora-chefe do veículo, Glenda Gloria.

Todos pagaram fiança e aguardam em liberdade o julgamento, que deve ser realizado no dia 10 de abril. Só Ressa ainda não havia resolvido a questão por estar em viagem ao exterior.

Ressa já passou uma noite na prisão em fevereiro em um duvidoso caso de difamação cibernética. Desde o ano passado, ela responde por cinco processos por evasão de impostos, quatro como proprietária do "Rappler" e um em nível pessoal.

Esta será a sétima fiança que Ressa paga para ficar em liberdade à espera do julgamento por todos esses crimes. A jornalista afirma ser vítima de uma perseguição política para silenciar o veículo comandado por ela e puni-la pelas matérias com críticas a Duterte, em particular à guerra contra as drogas promovida pelo presidente.

Duterte não esconde que não gosta do "Rappler", que está proibido de entrar no palácio presidencial. Além disso, ele acusou o site de ser financiado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

Na nova acusação, Ressa é denunciada por violar uma lei que determina que 100% dos veículos de comunicação do país sejam filipinos. O Código de Regulação de Valores proíbe a participação de estrangeiros em atividades nacionalizadas, como a imprensa.

O "Rappler" recebeu financiamento da Omidyar Network, um fundo criado pelo empresário americano Pierre Omidyar, fundador e presidente do eBay. Por isso, a Comissão de Valores e Câmbio das Filipinas (SEC) decidiu revogar a licença do site no país.

O "Rappler" recorreu, e o Tribunal de Apelações permitiu que o site continuasse no ar. No entanto, determinou que a empresa de Ressa resolvesse a questão, dando razão ao SEC.

Omidyar abriu mão de sua participação na empresa, avaliada em US$ 1,4 milhão, e doou sua parte aos 14 diretores do site. EFE