Bolsonaro apoia Netanyahu com visita oficial a poucos dias das eleições
Jerusalém, 31 mar (EFE).- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, apoiou com uma visita oficial que começou neste domingo, faltando nove dias para as eleições gerais em Israel, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, embora não deva cumprir a promessa de campanha de transferir a embaixada para Jerusalém.
Pouco depois de o titular de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, anunciar no Twitter que o Brasil abriria "uma sede diplomática" em Jerusalém, Bolsonaro afirmou que a representação terá caráter comercial "para promover comércio, investimento, tecnologia e inovação". Netanyahu agradeceu a decisão e considerou que este pode ser "o primeiro passo" para uma futura embaixada do Brasil em Jerusalém.
O presidente brasileiro tinha prometido durante a campanha levar a delegação diplomática de Tel Aviv para Jerusalém, seguindo os passos dos Estados Unidos e contrariando o consenso internacional, mas teria cedido à oposição de parte do seu Executivo, que teme o afastamento de países árabes com quem o país tem fortes laços comerciais por conta da venda de carne halal (a permitida para consumo de acordo com a lei islâmica).
"O Brasil é um país grande e riquíssimo, estamos muito perto do desenvolvimento, por isso cada vez mais nos aproximamos de países que estão alinhados conosco nas tradições, na cultura, na democracia e na fé em Deus", declarou Bolsonaro, em pronunciamento ao lado de Netanyahu.
O entrosamento entre os dois foi constante e a intenção de aproximar ainda mais as nações se concretizou na assinatura de seis acordos bilaterais em temas como segurança, aviação, ciência e tecnologia e saúde.
"Estamos no alvorecer de uma grande era nas nossas relações: Brasil, que é uma das maiores potências do mundo, e Israel, que é um país antigo, mas uma nova potência tecnológica importante", defendeu Netanyahu, após uma reunião de trabalho com Bolsonaro e sua grande comitiva.
A delegação presidencial inclui os ministros de Relações Exteriores, Ernesto Araújo; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; e de Segurança Institucional, Augusto Heleno Ribeiro.
No comparecimento, Bolsonaro lembrou novamente a viagem que fez em 2016 a Israel, quando era deputado federal e foi batizado no Rio Jordão, e suas declarações tiveram um marcado caráter religioso.
"Cheguei aqui como se tivesse chegado em casa", ressaltou ele, que definiu a visita como um "casamento" que vai trazer muitos benefícios para ambos os povos.
Netanyahu, por sua vez, falou sobre a viagem que fez ao Brasil para participar da posse de Bolsonaro, quando "um novo caminho na relação" foi aberto.
"E depois de apenas três meses acontece a sua primeira visita a Israel para levar as nossas relações a uma nova fase", comemorou.
"Quero que saiba que tem aqui um povo que ama o Brasil e um país que quer uma cooperação muito próxima sob a sua direção", ressaltou o chefe de governo israelense.
Em um gesto especial, Netanyahu recebeu Bolsonaro pessoalmente no Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, e ofereceu um jantar em sua residência à noite.
O presidente brasileiro não tem agenda com autoridades palestinas, que condenaram o anúncio da abertura de uma representação comercial em Jerusalém, medida similar à feita por Hungria e República Tcheca.
Amanhã, o presidente brasileiro visitará à Basílica do Santo Sepulcro, um dos maiores símbolos do cristianismo, e o Muro das Lamentações, o lugar mais sagrado dos judeus, situado em Jerusalém Oriental ocupado, e que o sua equipe colocou como parte do programa oficial, gerando protestos da Organização para a Libertação da Palestina. EFE
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