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PSOE vence eleições na Espanha, mas precisará de alianças para formar governo

28/04/2019 20h58

Madri, 28 abr (EFE).- O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu as eleições realizadas neste domingo na Espanha, de acordo com os resultados parciais divulgados pelo governo do país.

Com 99,53% dos votos apurados, o partido liderado pelo atual presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, obtinha 28,69% da preferência do eleitorado, o que seria equivalente a 122 cadeiras das 350 que compõem o Congresso dos Deputados. O número é muito maior do que os 84 parlamentares que o PSOE tinha até então.

Além disso, os socialistas garantiram a maioria absoluta no Senado, na primeira vitória nacional do PSOE desde as eleições de 2008, sob a liderança de José Luis Rodríguez Zapatero.

"Os espanhóis querem claramente que o PSOE governe e lidere o país durante os próximos quatro anos", disse Sánchez em discurso a simpatizantes realizado na sede do partido em Madri.

Sánchez se mostrou disposto a governar, dentro da Constituição, com todas as forças políticas eleitas para o Congresso dos Deputados, em um claro sinal para o Ciudadanos, agora terceira força do parlamento, e para os independentistas catalães.

O Partido Popular (PP) registrou o pior resultado de sua história, com 16,69% dos votos, o que daria ao partido 66 deputados. Na legislatura anterior, a legenda tinha 137 parlamentares.

O líder do PP, Pablo Casado, reconheceu que os resultados foram muito ruins e atribuiu o desempenho negativo à divisão do voto da direita com o Ciudadanos e com o ultradireitista Vox.

"A fragmentação só favoreceu Sánchez", disse Casado.

O Ciudadanos ameaça, inclusive, a posição do PP como principal representante da direita no país. O partido obteve 15,85% dos votos, o equivalente a 57 deputados.

O presidente do Ciudadanos, Albert Rivera, destacou o crescimento do partido no pleito e disse que fará oposição ao PSOE.

A coalizão esquerdista Unidas Podemos ficou com 14,31% dos votos, com 42 deputados, uma queda em relação aos 71 que possuía até então.

O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, disse que o resultado não é o que a coalizão esperava, mas o suficiente para conter, em aliança com o PSOE, a ascensão da direita no país.

As eleições deste domingo também ficarão marcadas pelo desempenho do Vox, que conquistou 10,24% dos votos e terá 24 cadeiras no Congresso Nacional. O resultado marca a volta da extrema direita ao parlamento da Espanha após 40 anos.

"Isso é só o princípio, o Vox veio para ficar", afirmou o presidente do partido, Santiago Abascal, que anunciou que o resultado marca o início da "reconquista" da Espanha, um lema que se alimenta da história expulsão dos muçulmanos da região no século XV.

A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que defende a independência da região, também ampliou sua presença no Congresso e agora terá 22 cadeiras, cinco a mais que na legislatura anterior.

Sánchez poderá conseguir uma maioria para governar caso consiga juntar em uma aliança o Unidas Podemos, o Partido Nacionalista Basco (PNV), que obteve seis assentos no parlamento, e outros partidos de esquerda de menor expressão no país.

O presidente do PNV, Andoni Ortúzar, disse estar disposto a dialogar com Sánchez para discutir soluções para a "realidade multinacional" da Espanha.

O comparecimento de eleitores às urnas foi de 75,58%, um dos mais altos registrados no país desde a volta da democracia em 1977.

O ministro do Interior da Espanha, Fernando Grande-Marlaska, disse em entrevista coletiva que as eleições ocorreram com tranquilidade e sem qualquer incidente. EFE