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Bolsonaro vai à Cúpula do G20 alinhado com Trump e atento à China

25/06/2019 13h43

Brasília, 25 jun (EFE).- O presidente Jair Bolsonaro viajará na noite desta terça-feira para o Japão para participar da Cúpula do G20, onde terá sua primeira reunião com seu homólogo da China, Xi Jinping, mas à qual chegará alinhado aos Estados Unidos de Donald Trump.

Bolsonaro fará em Osaka sua estreia na cúpula que reúne as principais economias do planeta e, segundo disseram à Agência Efe fontes oficiais, aproveitará o evento para expor seus planos para tentar evitar a ameaça de uma nova recessão e atrair o interesse dos investidores estrangeiros.

A economia brasileira afundou em uma séria recessão entre 2015 e 2016, período em que caiu sete pontos percentuais, cresceu 1% em 2017 e 2018, respectivamente, mas corre o risco de desacelerar outra vez este ano, o primeiro de Bolsonaro no poder.

O novo governo se propõe a liberalizar a economia e avançar em um extenso plano de privatizações e, além disso, deu uma guinada ideológica na política externa e tem se alinhado com Trump, o que semeou dúvidas sobre a relação do Brasil com a China, principal destino das exportações do país.

Bolsonaro, que pretende fazer uma visita oficial ao gigante asiático no segundo semestre deste ano, terá em Osaka seu primeiro encontro bilateral com Xi Jinping, que já recebeu em maio o vice-presidente Hamilton Mourão.

Segundo as fontes consultadas pela Efe, essa reunião pretende limar asperezas, sobretudo em um momento no qual a China trava intensas disputas comerciais com os Estados Unidos.

Bolsonaro também participará pela primeira vez de um encontro dos presidentes do BRICS, fórum que Brasil e China formam junto com Rússia, Índia e África do sul, outros três países emergentes que mantêm distância na sua relação com os Estados Unidos.

O Brasil exerce este ano a presidência rotativa dos BRICS e, segundo disse nesta terça-feira o general Otávio Rêgo Barros, porta-voz de Bolsonaro, na reunião "informal" de Osaka serão tratados assuntos "estritamente econômicos" que "beneficiem os cidadãos" dos cinco países, mas não chegou a detalhar nenhum deles.

Outro assunto no qual o Brasil porá ênfase durante a Cúpula do G20 será a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), na qual o governo de Bolsonaro aposta em conseguir maiores liberdades e mantém uma firme posição contra todo tipo de subsídio.

"O Brasil negocia qualquer questão, mas se as regras para os subsídios industriais se tornarem mais rigorosas, então proporá uma regra mais rigorosa contra os subsídios agrícolas", disse o porta-voz.

O próprio Bolsonaro expôs sua posição com relação à reforma da OMC em artigo publicado este mês na revista "G20 Japan: The 2019 Osaka Summit", editada pela organização da cúpula.

"O sistema multilateral de comércio precisa ser reformado para completar seu propósito original de abrir os mercados e promover o desenvolvimento de seus Estados-membros", declarou.

Durante sua estadia em Osaka, que se prolongará até sábado, Bolsonaro também terá reuniões bilaterais com os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, e de Singapura, Lee Hsien Loong, e com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.

Em todos os casos, exporá os programas de privatização do seu governo, que abrangem todas as áreas de infraestrutura, e também seus planos para liberalizar a economia brasileira e conseguir uma maior inserção nos mercados globais. EFE