Partido de Salvini anuncia moção de censura contra primeiro-ministro italiano
O partido ultradireitista Liga anunciou hoje uma moção de censura contra o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, o qual até então apoiava em coalizão com o antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S).
O líder da Liga, vice-presidente e ministro do Interior, Matteo Salvini, já tinha anunciado ontem que a aliança no governo estava quebrada e pediu eleições antecipadas devido às tensões e divergências sobre vários temas.
"Muitos nãos prejudicam a Itália, que necessita voltar a crescer e voltar a votar rapidamente. Quem perde tempo prejudica o país e só pensa na cadeira", disse a Liga em comunicado divulgado após a apresentação da moção no Senado.
Salvini exigiu que os senadores e deputados retornem a Roma de férias para que Conte constate a falta de apoio no Parlamento e renuncie. Na sequência, o presidente do país, Sergio Mattarella, convocaria as novas eleições.
Após a retirada do apoio da Liga ao governo, o primeiro-ministro tinha basicamente duas opções: apresentar a própria renúncia a Mattarella ou comparecer ao Parlamento para verificar o seu apoio, e optou pela segunda via.
Na noite de quinta-feira, Conte acusou Salvini de dinamitar a coalizão para aproveitar o crescimento eleitoral após as eleições do Parlamento Europeu - nas quais a Liga foi o partido mais votado do país -, e antecipou que compareceria ao Parlamento italiano para cobrar explicações.
O Parlamento italiano está fechado neste momento. É esperada uma reunião dos porta-vozes nos próximos dias para convocar a sessão que votará a moção, a princípio no dia 20 de agosto, segundo a imprensa local.
Se Conte constatar que não tem o apoio das câmaras, pois provavelmente só conta com o M5S, deverá apresentar a renúncia ao presidente.
Caso Mattarella opte por dissolver o Parlamento e convocar eleições, o pleito deverá acontecer em um prazo mínimo de 45 dias e máximo de 70.
No entanto, essa não é a única opção do chefe de Estado. Mattarella pode cogitar formar um novo governo com a atual composição do Parlamento, surgido nas eleições de 4 de março de 2018, ou designar um governo tecnocrata e provisório. Essa opção foi rejeitada tanto pela Liga como pelo M5S.
Segundo uma pesquisa realizada no dia 31 de julho pelo instituto Ipsos para o jornal "Corriere della Sera" e divulgada ontem, a Liga, de Salvini, obteria 36% dos votos nas próximas eleições gerais e alcançaria 50,6% em coalizão com os ultradireitistas Irmãos da Itália (7,5%) e Força Itália (7,1%). Salvini já anunciou que se candidatará às eleições como candidato a primeiro-ministro.
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