Topo

Premiê da Dinamarca responde Trump e diz que Groenlândia não está à venda

11.jul.2019 - A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, durante conferência de imprensa - Tobias Schwarz/AFP
11.jul.2019 - A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, durante conferência de imprensa Imagem: Tobias Schwarz/AFP

Em Copenhague

19/08/2019 07h50

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou hoje que a Groenlândia, território autônomo da Dinamarca, não está à venda, uma resposta ao interesse de compra demonstrado na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"A Groenlândia não está à venda. A Groenlândia não é dinamarquesa, é groenlandesa. Espero de verdade que não seja sério o que disse", afirmou em declarações divulgadas pela televisão pública dinamarquesa DR.

Trump confirmou ontem os rumores surgidos dois dias antes sobre os planos para adquirir a ilha, admitindo que "surgiu a ideia" e que considerou que "estrategicamente é interessante", mas esclareceu que não é um assunto que esteja em primeiro plano.

"É uma discussão absurda e Kim Kielsen (presidente groenlandês) deixou claro que não está à venda. E aí termina a discussão. Por outro lado, há muitas outras coisas sobre as quais queremos falar com um presidente americano", afirmou Frederiksen.

A primeira-ministra dinamarquesa se referiu sobretudo à relação entre ambos os países em questões relacionadas com o Ártico.

Trump deve visitar a Dinamarca entre 2 e 3 de setembro, segundo confirmou há semanas a Casa Real dinamarquesa e o escritório da primeira-ministra, mas as palavras de ontem do presidente americano sobre "considerar" viajar para o país nórdico porque "não é seguro" geraram dúvidas.

"Partimos da base de que haverá uma visita do presidente americano e estamos em andamento com os preparativos. Espero com esperança a visita, os Estados Unidos são nosso principal aliado em questões de segurança", respondeu Frederiksen.

Veículos de imprensa locais revelaram na quinta-feira que Trump pediu aos seus assessores na Casa Branca que investigassem se era possível comprar a Groenlândia, assunto que mencionou diversas vezes nas últimas semanas durante reuniões e jantares.

"Não quero prever um resultado, só digo que o presidente, que sabe uma ou duas coisas sobre adquirir bens imobiliários, quer dar uma olhada na Groenlândia", disse ontem o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, consultado pela emissora "Fox News".

Os planos de Trump com a Groenlândia suscitaram na sexta-feira passada várias reações da classe política dinamarquesa, quando muitos apontaram que tratava-se de uma piada, o acusaram de colonialista e inclusive duvidaram de seu estado de saúde mental, mas o Governo da Dinamarca não tinha pronunciado até agora de forma oficial.

No entanto, o Executivo da Groenlândia, disse na ocasião que o país não está à venda e falou de um "rumor" que confirma o interesse em investir nesta ilha de dois milhões de quilômetros quadrados coberta de gelo e 56 mil habitantes, a maioria inuits.

A Groenlândia possui desde 1979 um Estatuto de autonomia, ampliado 30 anos depois - com o apoio em massa em referendo consultivo dos groenlandeses - até incluir todas as competências salvo defesa, política externa e monetária, entre outras; além do direito de autodeterminação.

Os Estados Unidos, que possuem uma base militar no norte da ilha, já tentaram no passado comprar a Groenlândia, a última em 1946, quando Harry Truman era presidente.