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Movimentos QAnon e Black Lives Matter elegem nomes para o Congresso dos EUA

Apoiador do candidato democrata Joe Biden carrega bandeira em ato do movimento Black Lives Matter perto da Casa Branca, em Washington  - Olivier Douliery/AFP
Apoiador do candidato democrata Joe Biden carrega bandeira em ato do movimento Black Lives Matter perto da Casa Branca, em Washington Imagem: Olivier Douliery/AFP

04/11/2020 10h02

O Congresso dos Estados Unidos passará a contar, a partir de janeiro, com a primeira congressista abertamente alinhada ao movimento QAnon, que promove teorias da conspiração de extrema direita, e com a primeira ativista do Black Lives Matter a se tornar legisladora em nível federal, de acordo com as projeções da imprensa americana.

Ao garantir uma vaga na Câmara dos Representantes por Geórgia, a republicana Marjorie Taylor Greene se tornou a primeira congressista americana a declarar confiança no QAnon, um grupo formado em fóruns de internet classificado pelo FBI como possível ameaça de terrorismo doméstico.

Entre as teorias desse movimento, que floresceu graças às redes sociais, há a ideia de que o mundo é dirigido por uma organização de pedófilos satânicos que conspiram para derrubar o presidente Donald Trump.

A vitória de Greene já era esperada porque ela competia sem oposição em um dos distritos mais conservadores do país, mas é notável por ser a única entre os cerca de 20 apoiadores de QAnon que tiveram uma chance real de entrar no Congresso.

Eleita aos 46 anos, Greene também foi criticada após a divulgação de vídeos nos quais ela parecia argumentar que os muçulmanos não deveriam ser autorizados a trabalhar no governo americano, além de comparar o movimento Black Lives Matter ("vidas negras importam", em inglês) com o supremacista branco Ku Klux Klan.

Enquanto isso, a democrata Cori Bush se tornou a primeira ativista do Black Lives Matter a chegar ao Congresso dos EUA, após um ano marcado por protestos liderados por esse grupo contra o racismo e a brutalidade policial.

Bush, uma enfermeira de 44 anos, também fez história como a primeira mulher negra a representar o estado do Missouri no Congresso e faz parte da ala mais progressista do Partido Democrata.

As duas vencedoras fizeram parte de um recorde de 318 mulheres que concorreram a vagas na Câmara dos Representantes ou no Senado dos EUA neste ano, das quais 117 não eram mulheres brancas.

Em Nova York, o democrata Ritchie Torres fez história ao ser eleito o primeiro membro negro, latino e abertamente gay do Congresso, feito que dedicou à sua comunidade no Bronx.

"O Bronx é a minha casa, é o que me fez quem sou, e é pelo que lutarei no Congresso. Agradeço aos eleitores, do fundo do meu coração, pela confiança que depositaram em mim", comentou Torres.

Outro candidato democrata do mesmo estado, Mondaire Jones, pode compartilhar com ele a marca de primeiros congressistas negros abertamente homossexuais até a conclusão da apuração, que indicava uma disputa muito apertada com a candidata republicana Maureen McArdle Shulman.

No Texas, a vitória do republicano Ronny Jackson, que ganhou um assento na Câmara dos Representantes, chamou a atenção porque ele era o médico oficial de Trump na Casa Branca no início do mandato do presidente.

As declarações de Jackson de que Trump tinha "genes incrivelmente bons" geraram piadas na internet, mas pareciam reforçar sua relação com o presidente, que depois o nomeou como secretário de veteranos.