Topo

Esse conteúdo é antigo

Protestos contra governo colombiano deixam ao menos 24 mortos

Manifestantes entram em confronto com policiais durante um protesto contra a pobreza e a violência policial em Bogotá, Colômbia - Nathalia Angarita/Reuters
Manifestantes entram em confronto com policiais durante um protesto contra a pobreza e a violência policial em Bogotá, Colômbia Imagem: Nathalia Angarita/Reuters

06/05/2021 07h18Atualizada em 06/05/2021 07h18

Protestos contra o governo do presidente da Colômbia, Iván Duque, deixaram pelo menos 24 mortos em uma semana, segundo a Defensoria do Povo, que revelou que em 11 casos a polícia seria a responsável pelos óbitos.

De acordo com o relatório do órgão, os outros casos correspondem a vítimas de civis e agressores desconhecidos, enquanto uma pessoa morreu de causas naturais, presumivelmente devido a uma doença cardíaca. O documento inclui informações sobre a identidade dos mortos e as circunstâncias nas quais morreram.

Os dados foram revelados após oito dias de manifestações intensas, violência, bloqueios de estradas e dezenas de queixas contra abusos da polícia. A Defensoria do Povo afirmou ainda que cerca de 800 pessoas também foram feridas nos protestos, e há um número indeterminado de desaparecidos.

Vítimas da polícia

O relatório da Defensoria aborda a morte de Andrés Murillo, um homem de 19 anos que foi baleado no peito na cidade de Ibagué, no sábado (1).

Testemunhas do ataque acusam um policial de atirar no jovem enquanto ele caminhava para casa por um espaço onde vários manifestantes enfrentavam oficiais fardados.

Também é destacada a morte de Marcelo Agredo, um garoto de 17 anos que foi baleado à queima-roupa por um policial em Cali, capital do departamento de Valle del Cauca, depois de ter sido chutado pelas costas por outro agente. Na mesma cidade, Nicolás García Guerrero também teria sido vítima da ação das forças de segurança.

Como esses casos, também foram documentadas as mortes de outras oito pessoas com ferimentos de armas de fogo ou dispositivos de bombas de gás lacrimogêneo.

Responsabilidade da força pública

No domingo (2), Duque ordenou a retirada do projeto de lei de reforma tributária que levou às manifestações e pelo qual na segunda-feira da semana passada (26) o Ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla, renunciou.

Entretanto, milhares de colombianos voltaram às ruas ontem em um novo dia de greve nacional convocada por sindicatos e trabalhadores da central contra uma reforma sanitária. Até agora, os movimentos foram pacíficos.

Pelo menos 72 civis e 19 policiais foram feridos em um motim ontem à noite em Bogotá, no qual vândalos atacaram pelo menos 23 delegacias de polícia, uma das quais foi incendiada com dez agentes dentro. Todos eles conseguiram escapar.

O governo insiste que grupos armados ilegais são os instigadores da violência, ao mesmo tempo em que não explica o uso desproporcional das forças de ordem públicas. Os exageros vêm sendo denunciados por organizações internacionais como as Nações Unidas, a União Europeia e a Anistia Internacional.

"Choramos pelas milhares de famílias colombianas que foram vítimas de vandalismo", declarou Duque ontem em um pronunciamento no qual culpou, sem dar detalhes, "a violência de uma organização criminosa que se esconde por trás de aspirações sociais legítimas de desestabilização".

Enquanto isso, diferentes setores acusam o presidente de esquivar-se da responsabilidade das forças de segurança, acusadas da metade das mortes ocorridas durante as manifestações, segundo a Defensoria do Povo.

Os congressistas colombianos da oposição apresentaram ontem uma proposta de moção de censura contra o Ministro da Defesa, Diego Molano, por violações dos direitos humanos cometidas pelos agentes durante os protestos.