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ONU denuncia ataques a mulheres e questiona promessas dos talibãs no Afeganistão

17.ago.2021 - Meninas assistem às aulas em Herat após tomada do Afeganistão pelo Talibã - Aref Karimi/AFP
17.ago.2021 - Meninas assistem às aulas em Herat após tomada do Afeganistão pelo Talibã Imagem: Aref Karimi/AFP

Da EFE

09/09/2021 03h04Atualizada em 09/09/2021 07h53

A ONU denunciou ontem que em algumas partes do Afeganistão foram registrados claros ataques à liberdade das mulheres, motivo pelo qual questionou as promessas dos talibãs de que protegeriam os seus direitos.

De acordo com a ONU Mulheres, com o anúncio de um governo formado exclusivamente por homens na terça-feira (7), o grupo perdeu a primeira "oportunidade de mostrar ao mundo que está realmente comprometido".

A representante adjunta da agência no Afeganistão, Alison Davidian, disse estar muito decepcionada com a ausência de mulheres no governo e disse que o fato "põe em dúvida os compromissos recentes de proteger e respeitar os direitos das mulheres e meninas".

Davidian, em declarações por videoconferência de Cabul, considerou "inaceitável" um governo só de homens e criticou a aparente decisão de acabar com o Ministério dos Assuntos da Mulher.

O grupo, disse ela, repetiu que os direitos das mulheres serão respeitados no marco do islã, mas desde que chegou ao poder, as limitações têm sido relatadas "diariamente".

Entre outras coisas, Davidian destacou que em algumas áreas as mulheres estão sendo proibidas de sair de casa, enquanto em outras só podem sair com determinadas roupas ou foram forçadas a largar o emprego.

Além disso, afirmou que a ONU Mulheres recebeu relatos de ataques aos centros de proteção das mulheres e expressou preocupação com a repressão de manifestações pacíficas em que as mulheres têm saído às ruas para exigir os seus direitos.

"Agora é o momento de os talibãs mostrarem que governam para todos os afegãos e que mudaram", declarou.

Davidian frisou que, apesar da difícil situação das mulheres no Afeganistão, houve progressos significativos nas últimas décadas, particularmente em três áreas: o reconhecimento legal da igualdade de gênero, a visibilidade das mulheres em muitas áreas de trabalho e a possibilidade de as meninas estudarem.