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Chile: Boric diz haver 'acordo' para mudar projeto de nova Constituição

Gabriel Boric, presidente do Chile - Ximena Navarro/Chile Presidency
Gabriel Boric, presidente do Chile Imagem: Ximena Navarro/Chile Presidency

Santiago, Chile

25/07/2022 22h15

O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse ontem que a nova Constituição proposta para ser submetida a um referendo em setembro "não é perfeita", mas que existe "acordo" na coalizão governamental para "melhorar" o texto após a sua aprovação.

"Estamos de acordo (entre) todos que apoiam o governo de que é possível melhorar", afirmou o mandatário à imprensa depois de um ato oficial.

Boric, que foi um dos principais promotores do atual processo constituinte quando era deputado em 2019, repetiu um verso do cantor Pablo Milanés que a ex-presidente Michelle Bachelet tinha usado na semana passada para reafirmar a sua posição a favor do novo texto.

"Como disse a ex-presidente, 'não é perfeito (o projeto de Constituição), mas está próximo daquilo com o que sempre sonhei'. Tudo é perfeccionável, e vamos prosseguir com este processo após o plebiscito", acrescentou.

Os chilenos estão convocados às urnas no dia 4 de setembro para decidirem se querem aprovar a nova Constituição ou manter a atual, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e parcialmente reformada ao longo da democracia.

A direita e parte da centro-esquerda votarão contra, por considerarem o novo texto "radical", enquanto a esquerda fará campanha a favor do "eu aprovo", embora diferentes vozes peçam um grande pacto para reformar os aspectos mais controversos.

A nova lei declara o Chile um Estado social de direito, plurinacional, regional e ecológico, e consagra direitos como a saúde pública universal, educação gratuita, melhores pensões e acesso a habitação e água.

O direito à interrupção voluntária da gravidez, a natureza plurinacional do Estado e a eliminação do Senado são algumas das questões mais polêmicas incluídas no texto.

Durante meses, as principais pesquisas mostraram a opção de aprovar o novo texto como vencedora, mas agora apontam para uma maior preferência do público pela manutenção da lei atual.

Boric também rejeitou as acusações feitas pela direita contra ele por suposto intervencionismo na campanha e indicou que "o principal valor e o papel que o governo tem de cumprir é que todos tenham acesso à nova Constituição proposta".

O governo ficou na mira na semana passada por ter lançado uma campanha de informação sobre o processo constitucional e distribuído cópias da proposta ao público.

Desde que a campanha foi lançada, o governo foi denunciado duas vezes à Controladoria por suposto intervencionismo, primeiro pelos deputados do partido de direita Renovação Nacional e na semana passada pelo Partido Republicano, de extrema direita.

"Se há alguém que se preocupa com o fato de o povo ter acesso à nova Constituição, deve ter medo de algo no texto", declarou Boric.