Tirando livros do lixo
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O Brasil que se acostumou a ver pessoas garimpando comida em caminhões de lixo talvez não saiba que outros brasileiros também encontram ali a subsistência para outro tipo de forme. É o caso de Jonata Nunes Amarante, 33. Gari há 12 anos, ele criou uma biblioteca com livros achados no que descartamos como imprestável.
COMO LEMOS... Um de tantos jovens adultos que não completou o Ensino Médio, Jonata já recolheu em Porto Alegre (RS) mais 700 publicações, escritas por autores clássicos, como Mário Quintana, Cecília Meireles e até Machado de Assis, e best sellers como Paulo Coelho. Coletadas a princípio porque o gari é um leitor voraz, as obras não ficam paradas. Abastecem bibliotecas distribuídas na periferia e circulam entre "clientes assíduas", como a operadora de telemarketing Tainá Fagundes.
"Eu acho incrível o trabalho que ele faz. Com essa atitude e com a sua história também, ele ajuda muito as pessoas. Comecei a gostar de poemas por causa dele"
Tainá Fagundes, operadora de telemarketing e leitora da biblioteca do gari Jonatas Nunes Amarante
COMO SOMOS LIDOS... Quando criança, a educadora Ana Célia da Silva, 81, queria ser anjo. Como não achou anjos negros nos livros, desistiu. Em sua carreira, detectou como o material didático escolar retrata crianças negras: sem nome ou família, sozinhas e responsáveis por coisas ruins. A partir daí, ela lutou para pessoas negras serem representadas de modo que outras Anas Célias pudessem não só sonhar, como conseguir ser o que quisessem.
COMO SOMOS LIDOS [2]... A reportagem faz parte da série As Cabeças Negras, que trouxe ainda:
- Ex-deputado, Luiz Alberto ajudou a fundar o PT e a CUT, mas viu a pauta racial ser ignorada. Até pela esquerda
- Forjada no combate a absurdos na saúde, Jurema Werneck costura caminhos para outras chegarem lá
- Após ação com jovens pobres deixá-la íntima de cemitérios, Lúcia Xavier virou referência para mulheres negras
- Nilma Bentes ajudou quilombolas a terem direito constitucional a terras, mas vê luta como 'cócegas no poder'
COMO ESCREVEMOS... Há um novo imortal entre nós. Nomeado como integrante da Academia Brasileira de Letras, Gilberto Gil quer que entidade saia "em defesa da democracia".
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A VOZ DO GALO É DELA... Integrante de um coletivo feminista de torcedoras do Atlético-MG, Carol Leandro é a narradora do filme sobre os 100 anos do time mineiro, um dos mais populares do Brasil.
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SAI CHANEL, ENTRA BLACK POWER... Zezé Motta contou no Botequim da Teresa como resolveu abandonar a peruca e assumir o cabelo crespo em 1969. Numa sessão no Harlem, bairro nova-iorquino de maioria negra, da peça "Arena Conta Zumbi", alguém cutucou o diretor Augusto Boal: "Quem é esta mulher alienada?". "Fiquei tão sem graça, que cheguei no hotel, arranquei aquela peruca e molhei os meus cabelos no chuveiro. Tenho foto fazendo a mesma peça, mas usando black power", conta ela.
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SUSPEITO... O pai de um jovem abordado por funcionários da Centauro em SP diz que a acusação de furto motivada por racismo.
SUSPEITO [2]... Ecoa explica o que é racismo institucional e por que suspeitar de pessoas negras sem pestanejar é um sintoma desse tipo de discriminação.
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PEGA A VISÃO
"Quando você mergulha na expressão 'Eu sei que nada sei', entende que é mais do que uma sentença sobre ignorância. Diz muito sobre a sua disponibilidade para aprender."
Regina Barbosa, co-fundadora e vice-presidente do Instituto Maria da Penha
Recém-nomeada gerente de causas do Instituto Avon, Regina contou a Universa como levará para o braço social da companhia sua experiência na academia — ela é filósofa, mestra em ciência política e doutoranda em direito — e na área social.
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DANDO A LETRA
"Nos debates sobre o Carnaval da retomada, nada se fala de como alterar a realidade de desigualdade que, com a pandemia e o aumento do desemprego e da miséria, só tende a piorar a situação dos trabalhadores da folia. Essas pessoas estarão ainda mais vulneráveis à exploração e à insegurança, em um ambiente que, mesmo com vacinação, ainda será de risco."
André Santana, colunista de Notícias em "Carnaval 2022: defesa da retomada ignora condições desumanas de trabalho"
- Ainda em Notícias, Chico Alves conta como "Mourão tem chuva de críticas no Twitter ao saudar Proclamação da República";
- Em Splash, Aline Ramos explica "Como Deolane Bezerra consegue ser assunto o tempo todo";
- Em Esporte, Tinga escreve que "Sóbis aposentou, mas a história perpetua";
- Em Universa, Cris Guterres pontua como "Mulheres ainda são as maiores vítimas da guerra às drogas";
- Em VivaBem, Alexandre da Silva mostra que "A feira como um lugar (ainda) democrático para encontro com pessoas idosas", enquanto Lucas Veiga explica "Por que é importante nomear os afetos?" e Elânia Francisca fala sobre "Sexualidade na adolescência";
- Em Ecoa, Anielle Franco escreve sobre Marília Mendonça em "Você virou saudade: perda terrível e poder da sororidade", Alexandre Ribeiro pergunta "Onde está o Brasil no ranking de passaportes?", Tainá de Paula relembra que devemos falar de arte em "O Canecão e os novos espaços de cultura do Brasil: um debate urgente", e Dona Jacira encanta em "Reluziu".
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SELO PLURAL
Quem vê os atores Júlio e Jefferson Silvério em cena na série Sintonia, da Netflix, talvez não imagine os problemas do início da carreira dos dois artistas periféricos. Nascidos e criados na Cohab II de Itaquera, em São Paulo, os irmãos gêmeos enfrentaram — e ainda enfrentam — a desigualdade social para realizar o grande sonho de viver da arte. No episódio desta semana de Papo Preto, do Selo Plural, os atores falam desses obstáculos e da trajetória deles.
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#TBT
Em novembro, o Brasil celebra o mês da Consciência Negra. Ponto central da efeméride, o dia 20 é a data em que morreu Zumbi dos Palmares e só entrou para o calendário brasileiro após muita batalha de intelectuais, pensadores e ativistas do movimento negro. Eles queriam um fato histórico que celebrasse uma personalidade negra como alternativa ao 13 de maio, em que os holofotes recaem sobre a Princesa Isabel. Há, porém, outras figuras tão importantes para a abolição quanto a monarca, mas que foram obliterados pela canetada imperial. É o caso de Chico da Matilde, que teve a trajetória recontada por Ecoa. Conhecido como Dragão do Mar, ele lutou pela abolição no Ceará, que ocorreu em 1884, com quatro anos de antecedência ao restante do Brasil.
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