Silvio Almeida explica por que o desmonte do SUS é sintoma do racismo
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Para que o Brasil se torne menos racista, é necessário acompanhar as políticas que são feitas para a população negra do país: "a questão racial é uma questão política. Não tem como separá-las". É o que afirma o advogado e jurista Silvio Almeida, autor do livro "Racismo Estrutural" e colunista da Folha de São Paulo, que participou do Programa UOL Entrevista.
Para ele, "não existe nenhuma possibilidade de política contra o racismo que não lide com a fome, com o desemprego e com as questões econômicas". Neste sentido, criticou a postura do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) frente à questão racial.
"O governo do Bolsonaro é produto de uma sociedade racista, desigual e autoritária. É o ponto mais baixo onde já chegamos"
Silvio Almeida, advogado
Como exemplo, Almeida aponta o que chamou de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) na atual gestão federal, que atende mais de 190 milhões de pessoas no Brasil. "É uma política de extermínio. A destruição do SUS atinge diretamente a saúde da população negra", explica. De acordo com o Centro de Tecnologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), 67% das pessoas que dependem exclusivamente do órgão são negras.
Almeida também abordou políticas públicas, como a Lei de Cotas. Para ele, é importante que haja ferramentas para a permanência dos alunos cotistas nas instituições de ensino superior. "A presença dos negros mudou a dinâmica nas universidades. Geralmente as pessoas perguntam se os negros estão preparados para ocupar certos espaços, quando a pergunta certa seria se os espaços estão preparados para recebe-los", diz.
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FOME... Um inquérito sobre insegurança alimentar no contexto da pandemia mostrou que a fome no Brasil é maior em famílias chefiadas por mulheres pretas ou pardas. Os dados apontam que houve aumento de 8% na insegurança alimentar de famílias pretas e pardas, em comparação à pesquisa do ano passado. Com o cenário, a desnutrição também aumentou no Brasil, especialmente entre meninos negros.
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MARIELLE PRESENTE? A vereadora Marielle Franco (1979-2018) ganhou uma estátua de bronze em tamanho real em sua homenagem. A peça foi instalada na Praça Mário Lago, centro do Rio de Janeiro. A vereadora tornou-se referência internacional por sua militância pelos direitos humanos. O caso de seu assassinato segue inconcluído.
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PERMANÊNCIA... Moradores de Contagem (MG) se mobilizam para frear a obra do Rodoanel - BH, que passará a 1 km de um quilombo. O espaço, reconhecido como patrimônio histórico, abriga centenas de famílias que moram no local há 100 anos.
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A BATALHA DAS REDES... Mudanças no algoritmo do Instagram têm deixado internautas insatisfeitos, inclusive as irmãs Kardashian, que somam milhões de seguidores. No embalo do Tik Tok, rede concorrente, o Instagram tem priorizado reels e vídeos, dando menos destaque para as fotos.
RENAISSANCE? O novo álbum de Beyoncé será lançado hoje (29) com músicas que já são sucesso, como Break My Soul. Uma ótima data para saber mais sobre a "arte vestível", conceito que a diva pop usou para a arte e traje da capa.
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INTERNACIONAL... O brasileiro Jefferson Terra, de 33 anos, foi agredido em frente a um bar na região leste de Lisboa (Portugal) e morreu enquanto era socorrido. Para trazer o corpo para o sepultamento no Brasil, a família abriu uma vaquinha online para arrecadar o valor do translado.
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DANDO A LETRA
"É de se assustar que as trabalhadoras domésticas só conquistaram direitos como jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais, férias remuneradas e horas extras em 2013. Menos de 20 anos marcam um momento importante para o fim de relações de trabalho baseadas em promessas e não conseguimos colocar um ponto final em vínculos empregatícios que se conduzem com diferentes formas de discriminação, assédio, violência e baixa remuneração"
Cris Guterres, colunista do UOL
Em Universa, Cris Guterres comenta o caso de Patrícia Peixoto, uma trabalhadora doméstica que levou um tapa no rosto do seu empregador após ter chegado ao trabalho com 20 minutos de atraso no Rio.
Em Notícias, Chico Alves entrevista o deputado Capitão Augusto, vice-presidente do partido PL, após reunião com o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Em Ecoa, Eduardo Carvalho avalia a representação negra e o filme nacional de comédia "Barba, Cabelo & Bigode" disponível na Netflix. M. M. Izidoro fala sobre não se cobrar diante de tempos difíceis. O colunista aborda a importância do cuidado consigo e com o próximo.
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PEGA A VISÃO
"No começo, quando ele soube da gestação, disse que ia me dar suporte e ficar comigo. Chegou até a me acompanhar em algumas consultas. Mas quando completei quatro meses, ele sumiu"
Karina Soares, cabeleireira
O abandono paterno é bastante comum no Brasil. Em 2022, cerca de 6% das crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Universa conversou com mulheres que foram abandonadas pelos pais dos bebês durante a gestação.
SELO PLURAL
No episódio #89 de Papo Preto, Yago Rodrigues recebe Prudence Kalamba da República Democrática do Congo para falar sobre racismo no processo migratório. Kalamba atua como ativista dos direitos humanos e compartilha os desafios da sua chegada no Brasil.
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