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Chico Alves

REPORTAGEM

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Reunião com Fachin foi para diminuir a fervura, diz vice-presidente do PL

Ministro Edson Fachin e deputado Capitão Augusto, vice-presidente do PL - Agência Brasil e divulgação
Ministro Edson Fachin e deputado Capitão Augusto, vice-presidente do PL Imagem: Agência Brasil e divulgação

Colunista do UOL

28/07/2022 12h40

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O presidente e o vice-presidente do PL estiveram ontem com o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Valdemar Costa Neto e o deputado Capitão Augusto foram a Fachin para tentar distensionar o ambiente político, justamente no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, lançam seguidas dúvidas contra o processo eleitoral brasileiro.

Em entrevista à coluna, Capitão Augusto disse que a reunião teve o objetivo de "diminuir a fervura".

O deputado reconheceu que o processo eleitoral já tem auditagem, ao contrário do que dizem alguns críticos do sistema. O PL desistiu de indicar uma empresa para auditar a votação, como prevê o TSE, mas indicou um representante do Instituto Voto Legal para acompanhar o processo em nome da legenda.

O parlamentar afirma que a intenção do PL é dar o máximo de transparência à votação, para que não reste nenhuma dúvida ao fim das eleições.

"O resultado das urnas será respeitado. A democracia é maior que tudo", afirma.

Pessoalmente, Capitão Augusto diz não ter dúvida quanto à lisura das urnas eletrônicas. "Fui eleito por essas urnas. Não foi o presidente do TSE que ficou com dó e mandou votos para mim", ironiza.

UOL - O que o sr. e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foram conversar com o ministro Edson Fachin?


Deputado Capitão Augusto - A gente respeita a opinião do presidente Bolsonaro quanto à questão das dúvidas, de ele querer um processo eleitoral transparente e honesto. Tem boa parcela da população que também pensa da mesma forma. Então, respeitando essa opinião, nós contratamos o Instituto Voto Legal para fazer o acompanhamento de todo o processo eleitoral.

Nós fomos lá fazer reunião com o ministro Fachin justamente para dizer qual é o intuito nosso, que é ajudar no processo eleitoral. Contribuir e falar para as pessoas que nós testamos e ao fim falar que o processo foi honesto, foi correto.

Fomos para evitar qualquer tipo de ruído e para não acharem que estávamos contratando uma empresa para interferir no TSE, para atrapalhar o processo eleitoral, para criar obstáculos. Fomos lá para não deixar dúvida nenhuma de que o intuito nosso é de colaborar para que as eleições transcorram na mais absoluta tranquilidade, lisura e transparência.

Até hoje não houve nenhuma prova de fraude. O senhor tem alguma dúvida quanto ao processo eleitoral?

Eu, particularmente, não. Fui eleito por essas urnas. Não foi presidente do TSE que ficou com dó e mandou votos para mim. Não é só o PL que está interessado na lisura do processo. Só vai sair um vencedor para presidente da República nessas eleições. Os outros trinta e dois partidos ou os outros treze candidatos vão ser derrotados. Vão gastar tempo, dinheiro, tudo mais. São milhares de deputados estaduais, federais, senadores, governadores que também serão derrotados nas urnas. E eles têm o maior interesse de que as urnas sejam honestas, que eles realmente tenham perdido de forma democrática. Então, todo mundo tem interesse nisso aí.

Nas eleições passadas nós tivemos partidos derrotados, candidatos derrotados, e ninguém estava questionando. Então o que a gente quer é que continue assim. Eu confio nas urnas, confio no processo eleitoral, e nós vamos acompanhar justamente para que não haja nenhum tipo de dúvida.

Com questionamentos como o que o presidente vem fazendo nos últimos tempos já não é possível prever que quem não for eleito, quem perder nas urnas, vai questionar automaticamente a credibilidade do processo? O presidente não está incentivando isso?

Bom, primeiro é um direito dele querer mais transparência, querer segurança nas urnas. É o direito de qualquer um. Não é algo canônico, o sistema de urnas, que seja pecado você desconfiar ou você querer mais transparência e segurança. É um direito dele, é direito da população desconfiar. Porque nós somos meio São Tomé, nós temos que ver para crer. E como a gente não vê a urna, não vê o voto, é tudo em byte, as pessoas desconfiam, fica no campo do abstrato. É algo cultural.

O que a gente quer é reforçar o processo eleitoral, em especial na auditagem dos votos. Na hora que for fazer a contabilização naquela escola, naquele bairro, naquela cidade, depois no estado e depois na União seja tudo contabilizado certinho. Nós estaremos acompanhando para que quando terminar as eleições não paire dúvida no processo democrático. O que não pode é deixar brechas para que atrapalhem a democracia.

O presidente tem todo o direito de questionar, qualquer pessoa tem. O problema é que o presidente não somente questionou, ele afirmou que há fraude, sem mostrar nenhuma prova.

Eu não posso responder por ele. Não sei que tipo de informação ele tem. Mas todo mundo vai estar acompanhando o processo eleitoral, o Exército, a Abin, a Polícia Federal, todos os partidos políticos. Acredito que o processo vai transcorrer de forma aberta, de forma transparente. O principal é a manutenção da democracia e que o processo democrático seja respeitado.

O sr. fala em auditar as urnas, mas o processo já é auditável.

Sim, só que a gente quer algo para explicar melhor. Porque não basta ser honesto, tem que parecer honesto, também. Se há uma parcela da população, 15%, talvez 20%, que desconfia das urnas eletrônicas, é preciso respeitar esse pessoal. É uma questão de aprendizado, precisa explicar melhor.

A empresa vai estar acompanhando, sugerindo algumas coisas que achar interessante. Vai explicar melhor como funciona isso aí. Como funciona a contabilização? É isso que nós vamos acompanhar agora, a partir de segunda-feira.

De quantas eleições o sr. participou?

Participei de cinco eleições. Perdi três e ganhei duas.

O sr. checou a auditagem ao fim das eleições?

Nunca questionei.

Sim, mas o sr. foi informado de que teria auditagem se quisesse checar o resultado?

Nunca fui atrás. Mas sabia que poderia consultar a auditagem.

Como foi a reação do ministro Fachin?

Ele agradeceu muito. Foi uma reunião muito respeitosa, que serviu para esclarecer vários pontos e serviu para diminuir a fervura. Não temos intenção de ficar apimentado mais essa discussão.

O que acha da atuação do ministro da Defesa, que chegou a sugerir uma apuração paralela feita pelas Forças Armadas?

Apuração paralela é o acompanhamento. O próprio TSE convida em todas as eleições os partidos para acompanharem o processo eleitoral. Só que vira pró-forma, acaba ninguém acompanhando. Dessa vez, o PL vai acompanhar.

O acompanhamento é o olhar de quem está de fora. A intenção nossa não é intervir, atrapalhar, não é fazer a função do TSE, mas é colaborar.

O resultado das urnas será respeitado. A democracia é maior que tudo.