Minoria realiza protestos anti-EUA, diz príncipe saudita
O príncipe Alwaleed bin Talal, sobrinho bilionário do rei da Arábia Saudita, disse nesta terça-feira (18) que apenas uma minoria se envolveu nos violentos protestos anti-EUA sobre um filme considerado um insulto ao profeta Maomé, e que o islã é muito maior do que o alvoroço sobre o assunto.
Conhecido por seus investimentos em algumas das empresas mais importantes do mundo, incluindo o Citigroup, Alwaleed disse em entrevista à "Reuters" que as reformas em sua terra natal, o maior exportador de petróleo do mundo, não estavam acontecendo rápido o suficiente e que os países árabes devem aprender as lições das revoltas da Primavera Árabe para evitar serem arrastados por mais violência.
"Este desprezível e repugnante filme de 12 minutos é realmente inaceitável, mas tendo dito isso, não devemos honrá-lo com tais demonstrações e dar-lhe tanta atenção", disse ele depois de abrir uma nova ala de arte islâmica do Museu do Louvre em Paris.
"Espero que essas manifestações diminuam. Você tem que se lembrar (que) aqueles que vão às ruas e gritam são a minoria. O islã é muito mais forte e resistente."
O filme amador, que insulta o profeta Maomé ao retratá-lo como um tolo, mulherengo e homossexual, foi feito na Califórnia com financiamento privado. O governo dos EUA condenou-o como repugnante e digno de repreensão.
O filme tem provocado ataques em série a embaixadas e diplomatas dos EUA em todo o Oriente Médio e norte da África. O Grande Mufti da Arábia Saudita, a mais alta autoridade religiosa no berço do islã, denunciou os ataques como anti-islâmicos.
Alwaleed, cuja fortuna estimada pela revista Forbes em 2011 seria de mais de 19 bilhões de dólares, tem investido fortemente através de sua fundação em nutrir relações entre o Oriente e o Ocidente, e o islã e o cristianismo.
Ele disse que sua participação de 17 milhões de euros (22,33 milhões de dólares) no famoso Museu do Louvre era parte desse esforço.
Perguntado se havia o risco de que a diversidade cultural do islã poderia ser eliminada com a crescente influência dos ultraconservadores, Alwaleed afirmou que era mais importante do que nunca garantir que o mundo esteja ciente da história do islã.
"O passado nunca pode ser morto. O presente é construído sobre o passado e o futuro é construído no presente", disse ele. "Nossa herança islâmica não pode ser demolida por atos de protesto que não representam a maioria da população."
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O pai de Alwaleed, o príncipe Talal, sempre pressionou por mais democracia na Arábia Saudita, incorrendo na ira de outros membros da dinastia governante absolutista.
O reino escapou da agitação grave que envolveu outros Estados árabes, derrubando os líderes autocráticos da Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen ao longo dos últimos 18 meses, desestabilizando o Barein e provocando guerra civil na Síria.
Logo após a revolução no Egito, o rei saudita Abdullah ordenou 110 bilhões de dólares em gastos sociais em benefícios como novas moradias e auxílio desemprego, enquanto poderosos líderes religiosos disseram aos seus seguidores para não protestar.
"A Arábia Saudita está promovendo reformas políticas, sociais e econômicas, (mas eu posso) dizer que está indo tão rápido quanto eu quero? Certamente que não", disse Alwaleed. "A Arábia Saudita poderia agilizar o processo de reforma em todas as frentes políticas, econômicas e sociais."
Grupos de direitos humanos criticam as autoridades sauditas por uma quase total falta de democracia e intolerância com dissidentes.