Poderoso furacão Sandy toca solo na costa sul de Nova Jersey
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Kevin Lamarque / Reuters
Por Greg Roumeliotis e Tom Hals
NOVA YORK, 29 Out (Reuters) - O furacão Sandy, uma das maiores tempestades da história dos Estados Unidos, tocou o solo com fortes ventos e chuvas torrenciais na noite desta segunda-feira perto de Atlantic City, em Nova Jersey, após paralisar transportes, provocar a desocupação de áreas alagáveis e interromper a campanha para a eleição presidencial da semana que vem.
O Centro Nacional de Furacões (CNF) afirmou que o Sandy chegou ao país como um "ciclone pós-tropical", o que significa que ainda tem ventos com força de furacão, mas que perdeu as características de uma tempestade tropical.
O fenômeno natural tocou o solo norte-americano ao sul de Atlantic City, 193 quilômetros a sudoeste de Manhattan, em Nova York. Tinha ventos sustentados de 129 quilômetros por hora, bem acima do limite de intensidade dos furacões.
Ventos fortes e inundações assolaram um trecho de centenas de quilômetros da costa atlântica norte-americana, e há previsão de nevascas fortes mais para o interior, em altitudes mais elevadas, conforme o centro da tempestade se mover para oeste.
A área pela qual o furacão deve passar inclui grande centros populacionais, como Nova York, Washington, Baltimore e Filadélfia.
Árvores foram derrubados em toda a região, pedaços de andaimes rolaram pelas ruas vazias de Nova York, destroços fecharam uma grande ponte em Boston e houve inundações em ruas de Dewey Beach, em Delaware, deixando apenas os topos das caixas de correio visíveis.
As bolsas de valores do país fecharam pela primeira vez desde os atentados de 11 de setembro de 2001 e continuarão sem funcionar na terça-feira. Órgãos públicos fecharam em Washington e aulas foram canceladas em toda a Costa Leste.
Mais de 2 milhões de pessoas já estavam sem energia elétrica no início da noite desta segunda-feira e mais de um milhão de pessoas receberam ordens para deixar as suas casas. Muitas comunidades foram inundadas.
Uma empresa de prevenção de desastres estimou que os prejuízos podem chegar a 20 bilhões de dólares, sendo metade do valor coberto por seguro.
"Essa será uma tempestade grande e poderosa e acredito que todos ao longo do litoral leste estão se preparando de forma apropriada", disse o presidente norte-americano, Barack Obama, na Casa Branca.
Governadores estaduais de Virgínia a Massachusetts alertaram para o grave perigo decorrente da tempestade para 60 milhões de moradores na sua rota. Dez Estados declararam situação de emergência.
"Sem dúvida haverá algumas mortes causadas pela intensidade dessa tempestade, pelas inundações, pela ressaca, pelas ondas. Quanto mais responsavelmente os cidadãos agirem, menos pessoas irão morrer", disse a jornalistas o governador de Maryland, Martin O'Malley.
Meteorologistas dizem que o Sandy pode ser a maior tempestade já registrada no território continental dos Estados Unidos.
Na costa da Carolina do Norte, a Guarda Costeira resgatou 14 de 16 tripulantes de uma réplica do navio histórico HMS Bounty. O grupo foi salvo de helicóptero, após abandonar o barco em botes. Dois tripulantes continuam sendo procurados.
Em Nova York, um guindaste no topo de um prédio na rua 57, em Manhattan, desmoronou parcialmente e ficou pendurado sobre a rua. A polícia interditou a área para pedestres.
"ALGO COMO O KATRINA"
A oito dias da eleição presidencial, Obama cancelou um compromisso de campanha na Flórida, nesta segunda-feira, e voltou a Washington para monitorar a reação governamental à tempestade. O candidato republicano a presidente, Mitt Romney, cancelou eventos na noite de segunda-feira e na terça-feira.
Segundo meteorologistas, essa é uma rara "supertempestade híbrida", criada por uma massa de ar polar que acabou por envolver uma tempestade tropical. Só isso já seria bastante ruim, mas há ainda uma terceira tempestade em ação, um sistema que desce do Canadá, e que vai acabar por barrar o furacão principal, mantendo-o parado.
Embora não tenha a força do Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005, o Sandy vem se fortalecendo. Ele matou 66 pessoas na semana passada no Caribe, e nos últimos dias seus efeitos já puderam ser sentidos nos Estados Unidos.
Na praia de Rehoboth, em Delaware, a polícia foi de casa em casa ordenando que as pessoas saísse. Quem não aceita tem seu nome anotado e é autorizado a permanecer por sua conta e risco.
Em Fairfield, Connecticut, a população também está sendo orientada a sair. "As pessoas definitivamente não estão levando isso suficientemente a sério", disse a policial Tiffany Barrett, de 38 anos. "Nosso maior temor é algo como o Katrina, e não podermos chegar até as pessoas."
Além das chuvas, a tempestade pode causar a precipitação de até 1 metro de neve nos montes Apalaches, de Virgínia Ocidental até o Kentucky. Algumas pessoas dessas regiões foram dispensadas do trabalho e aproveitaram para votar.
As seções que recebem votos antecipados continuaram funcionando, e o movimento foi considerado excepcional pelos mesários em algumas seções.
APAGÕES DE TAMANHO RECORDE
Nova York e outras cidades importantes paralisaram seus sistemas de transportes e cancelaram aulas, além de ordenarem a retirada de moradores de áreas suscetíveis à inundação por uma ressaca que deve atingir até 3,4 metros.
Na manhã desta segunda-feira, a água já batia na amurada do Battery Park, em Manhattan, uma das áreas que a prefeitura determinou que sejam desocupadas.
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, recomendou que 375 mil moradores da cidade deixem suas casas. "As condições estão se deteriorando rapidamente, e o prazo para que vocês saiam com segurança está se encerrando."
A empresa elétrica Con Edison, que atende Nova York, previu "apagões de tamanho recorde", atingindo quase 35 mil usuários em Manhattan e Brooklyn. Queda de árvores e inundações são os maiores problemas para as redes elétricas.
Em toda a Costa Leste, moradores lotavam supermercados atrás de geradores, lanternas, pilhas, comida e outros suprimentos.
O dono da loja Best Buy Wines and Liquors, Johnny Lopez, no Brooklyn, planejava permanecer aberto na segunda e terça-feira. "Foi uma loucura ontem. Era que nem Ação de Graças. Deus nos ajude!"
O transporte parou na costa nordeste dos Estados Unidos por causa da aproximação do furacão, afetando viagens ferroviárias, navais e aéreas até na Europa e Ásia, enquanto o tráfego de cargas também foi prejudicado.
(Reportagem adicional de Greg Roumeliotis, Edith Honan, Janet McGurty, Scotti DiSavino e Martinne Geller, em Nova York; de Barbara Goldberg, em Nova Jersey; de Mary Ellen Clark e Lynnley Browning, em Connecticut; de Daniel Lovering, em Boston; de Ian Simpson, em Virginia Ocidental; de Susan Heavey, em Washington; e de Jane Sutton, em Miami)