IPCA tem maior alta em quase 8 anos em janeiro, acumula 6,15% em 12 meses

Por Rodrigo Viga Gaier e Tiago Pariz

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA, 7 Fev (Reuters) - A inflação oficial do país fechou janeiro com a maior taxa mensal em quase oito anos, ainda pressionada por alimentos e despesas pessoais, e com a alta dos preços mostrando forte dispersão, colocando em risco a manutenção da taxa básica de juros do país ao longo do ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,86 por cento no mês passado, a maior variação mensal desde abril de 2005, quando a alta foi de 0,87 por cento --em dezembro, os preços subiram 0,79 por cento.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira, o IPCA acumulou nos 12 meses encerrados em janeiro uma alta de 6,15 por cento, a maior desde janeiro de 2012 (6,22 por cento). Em 2012 a inflação foi de 5,84 por cento.

Com isso, o indicador se aproxima cada vez mais do teto da meta do governo para este ano, de 6,50 por cento, o que pode colocar em risco a manutenção por vários meses da Selic na atual mínima histórica de 7,25 por cento.

"Vamos ter um período prolongado de 12 meses (acumulados) acima de 6 por cento, nossa expectativa é de que recue de 6 por cento a partir do terceiro trimestre", previu o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall, para quem o IPCA deve subir 0,40 por cento em fevereiro.

"Se o BC começar a observar nos próximos dois, três meses que a inflação caminha para ser mais desfavorável do que ele trabalha, isso pode levar a um aperto monetário", acrescentou Kawall.

Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,84 por cento no mês passado, segundo a mediana de 31 projeções, acumulando em 12 meses ganho de 6,13 por cento.

Antes dos dados do IPCA, o consenso do mercado era de que a Selic ficará inalterada até o final deste ano.

DIFUSÃO GRANDE

Os preços de Alimentação e Bebidas e de Despesas Pessoais continuaram pressionando o indicador. O primeiro grupo mostrou alta de 1,99 por cento em janeiro, ante 1,03 por cento em dezembro, enquanto que o segundo registrou avanço de 1,55 por cento, ante 1,60 por cento.

Apesar de ter desacelerado em relação a dezembro, Despesas Pessoais foram o segundo maior impacto do mês passado no IPCA, com 0,16 ponto percentual. Os preços dos cigarros, que tiveram aumento no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), subiram 10,11 por cento no mês passado. Alimentos e Bebidas tiveram impacto de 0,48 ponto percentual.

Dos nove grupos que compõem o IPCA, três tiveram variação mensal negativa de preços em janeiro: Habitação (-0,20 por cento), Vestuário (-0,53 por cento) e Comunicação (-0,08 por cento).

Segundo especialistas, o índice de difusão de preços do IPCA ficou em 75,1 por cento no mês passado. "Quando você tem mais difusão, é um sinal de que a alta dos preços está se espalhando pela economia e se tornando um incômodo", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

Para fevereiro, a expectativa é que a redução nos preços da tarifa de energia anunciado pelo governo, possa contrabalancear a elevação nos preços da gasolina e da Educação.

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Gráfico de inflação http://link.reuters.com/kuw76s

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POLÍTICA MONETÁRIA

O resultado do IPCA de janeiro praticamente repetiu o da sua prévia, o IPCA-15, que no mês passado registrou alta de 0,88 por cento também pressionado por Despesas pessoais e Alimentos.

Na visão de economistas, o BC só vai atuar se os preços derem sinais de que vão extrapolar a meta ou que essa deterioração avance para o segundo semestre. A autoridade monetária tem dito que essa pressão é de curto prazo e que a tendência é a inflação ficar mais favorável ao longo do ano.

Há três anos, a inflação oficial brasileira tem ficado na parte superior da meta.

(Reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes, no Rio de Janeiro; Asher Levine e Silvio Cascione, em São Paulo)

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