Selic maior tende a mitigar alta do dólar ante real, diz fonte do governo
Por Patrícia Duarte
SÃO PAULO, 31 Mai (Reuters) - As recentes altas do dólar, que o levaram ao patamar de 2,14 reais nesta sexta-feira, devem perder força daqui para frente com a elevação da taxa básica de juro Selic, mas ainda é cedo para falar o que vai acontecer com o câmbio no futuro próximo, disse à Reuters uma importante fonte do governo nesta sexta-feira.
Isso porque a economia dos Estados Unidos têm dado sinais de recuperação e, assim, alimentado expectativas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, reduza seu programa de estímulo em breve, o que diminuiria a liquidez externa.
"A alta dos juros (no Brasil) tende a mitigar (a alta do dólar)", afirmou a fonte do governo, que pediu anonimato.
"Existe uma força enorme (atuando no câmbio), que são os EUA... Tem de esperar um pouco mais para ver o que vai acontecer", acrescentou a fonte, ao ser questionada se a divisa norte-americana no atual nível é inflacionária.
Na quarta-feira à noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu boa parte do mercado ao acelerar o passo do aperto monetário e elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 8 por cento ao ano, para combater a inflação. A economia brasileira cresceu apenas 0,6 por cento no primeiro trimestre deste ano, muito abaixo das expectativas.
Nesta manhã, o dólar chegou a subir mais de 1 por cento, chegando ao patamar de 2,14 reais, influenciado pelo cenário externo e pela formação da Ptax de maio, que foi definida por volta das 13h.
Perto de 12h30, o BC anunciou um leilão de swap cambial tradicional, o que reduziu momentaneamente o ímpeto da alta da moeda norte-americana.
Como a taxa básica de juros serve de referência para algumas aplicações financeiras, como títulos públicos, a tendência é que a Selic maior atraia mais dólares ao país, exercendo pressão de baixa sobre o dólar.
A fonte afirmou ainda que o crescimento econômico tem sido prejudicado pela inflação elevada, tanto a corrente quando as expectativas, o que afeta o consumo.
"A alta dos juros é compensada pelo ganho de credibilidade", afirmou a fonte, referindo-se aos efeitos que a Selic maior traz à atividade econômica.
Agentes econômicos têm criticado a política econômica do governo, por exemplo sobre a situação fiscal no país, considerada inflacionária devido aos elevados gastos públicos e desonerações.